O primeiro Dia Internacional do Trabalhador celebrado em Portugal depois do 25 de Abril 1974, foi a maior manifestação alguma vez vista no país. Só em Lisboa foi cerca de um milhão de pessoas na rua e no estádio 1º de Maio. No Porto, foram cerca de 300 mil na Avenida dos Aliados, como sardinhas na lata. E por todo o país celebrou-se um 1º de Maio como nunca se viu, nem antes nem depois de 1974. Uma semana após a revolução, o povo saiu à rua também para festejar o 25 de Abril.
Os que participaram nas manifestações, falam em festa, alegria, liberdade. “Cantava-se a Internacional Socialista a plenos pulmões. Gritou-se ‘o povo unido, jamais será vencido’ durante horas. Abraçávamos pessoas que nem conhecíamos. Uns choravam de emoção, outros sorriam e gritavam “Fascismo nunca mais”.
“O povo estava mesmo feliz e fez uma festa muito bonita”, conta Almerinda Mesquita, de 85 anos, antifascista à época, que continua a festejar o 1º de Maio.
Ao longo dos últimos anos, o 1º de Maio foi perdendo o ar de festa para dar lugar ao protesto e à luta sindical. O povo já não enche um um estádio de futebol em Lisboa, como em 74, nem transborda a avenida dos Aliados.
Não é espontâneo, é organizado pelos sindicatos e partidos políticos. Há palcos com música. Há maratonas. Há exposições. Há pipocas.
Mas o povo sem filiação sindical ou política que não abre mão das conquistas de Abril, marca também presença em passo de passeio.
Como diz a canção de Sérgio Godinho, as conquistas de Abril são as mesmas. Além da liberdade de pensar são paz, pão, habitação, saúde, educação. Ora, 49 anos depois, a paz anda agitada, o custo de vida elevado, a saúde está doente, e a educação anda há meses em greves.
Por tudo isto, este 1º de maio de 2023, promete ser mais uma jornada de luta dos trabalhadores portugueses. O descontentamento reina em quase todos os setores de atividade, e os sindicalistas têm o palco certo para fazer ouvir e repetir uma vez mais, as muitas reivindicações.
A CGTP-Intersindical promove ações em todas as capitais de distrito, de Norte a Sul do país e também nas Ilhas.
Em Lisboa, o desfile começa parte do Martin Moniz, até à Alameda D.Afonso Henriques. No Porto, a manifestação concentra-se na Avenida dos Aliados.