A Moldova anunciou, nesta sexta-feira, a implementação de um estado de emergência energética por um período de 60 dias, com início na próxima segunda-feira, 16 de dezembro. Esta decisão surge como resposta à crescente preocupação sobre a possível suspensão do fornecimento de gás russo para a Europa, devido ao término do contrato de transporte de gás através da Ucrânia, marcado para 31 de dezembro. A medida visa mitigar os impactos da crise energética e prevenir uma possível escassez de eletricidade durante o rigoroso inverno que se aproxima
A proposta foi avançada pelo primeiro-ministro moldovo, Dorin Recean, e aprovada no parlamento com o apoio exclusivo do Partido da Ação e Solidariedade (PAS), partido no poder, liderado pela presidente Maia Sandu. A oposição, por sua vez, criticou veementemente a medida. Renato Usatii, líder do partido oposicionista Nosso Partido, acusou o governo de criar uma situação de crise permanente, argumentando que, sob a liderança de um governo “analfabeto”, as crises se tornam recorrentes e parte do cotidiano do país.
A situação é particularmente delicada na Moldova, que depende da importação de gás russo para alimentar a sua principal central termoelétrica, vital para o fornecimento de eletricidade durante o inverno. A suspensão do fornecimento de gás através da Ucrânia, conforme previsto, poderia colocar em risco o funcionamento dessas infraestruturas e agravar a já frágil situação energética do país.
Além disso, a região da Transnístria, uma área separatista da Moldova que também declarou estado de emergência, enfrenta uma situação ainda mais crítica. A Transnístria é completamente dependente do gás russo, e a interrupção deste fornecimento colocaria em risco o seu sistema energético. O vice-primeiro-ministro moldovo, Oleg Serebrian, confirmou que a Ucrânia não permitirá a continuidade do transporte de gás russo para a Moldova após o término do contrato. A Ucrânia, por sua vez, está a preparar-se para uma “circulação zero” de gás, uma vez que a sua prioridade é garantir o abastecimento de gás à Hungria, um dos seus principais parceiros europeus.
Desde o início da guerra russa na Ucrânia, em fevereiro de 2022, o governo de Kiev tem manifestado a sua intenção de não renovar o contrato de transporte de gás com a Gazprom, consórcio russo responsável pelo fornecimento. O ministro da Energia ucraniano, Herman Galushchenko, revelou que já foram realizados vários testes de resistência ao sistema de gasodutos da Ucrânia, de modo a verificar a viabilidade de uma interrupção completa do transporte de gás russo.
Com esta crise energética iminente, a Moldova enfrenta um inverno incerto, com a possibilidade de racionamento de energia e consequências sérias para a sua população. O estado de emergência decretado tem como objetivo preparar o país para os piores cenários e garantir a continuidade dos serviços essenciais, enquanto a situação geopolítica e energética na região continua a evoluir.