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A Farsa do Poder Local: Turismo, Tachos e a Incompetência que Afunda o Interior

Na recente Feira de Turismo de Lisboa (BTL), os autarcas do interior do país demonstraram, uma vez mais, como o protagonismo político é, por vezes, uma farsa construída sobre uma base de desinteresse real pelas suas regiões. Enquanto as terras da Beira Baixa se viram representadas no primeiro dia da feira pelos seus autarcas, apresentando orgulhosamente os seus stands, o cenário mudava logo a seguir. Os autarcas, de facto, mostraram que a sua preocupação é apenas com o turismo no papel, pois voltaram rapidamente para os seus municípios, com a missão clara de trabalhar por e para o seu povo – ou, pelo menos, foi isso que alegaram.

No entanto, o que se seguiu, e que é digno de registo, não é de todo surpreendente para quem conhece o modus operandi de algumas figuras da política local. Enquanto o povo da Beira Baixa trabalha arduamente para manter as suas raízes e preservar as tradições, o que vemos é a continuidade de um triste espetáculo protagonizado pelos autarcas de Idanha-a-Nova e Castelo Branco, Armindo Jacinto e Leopoldo Rodrigues. Estes dois presidentes geminados pela sua patente incompetência, mais preocupados com a perpetuação do poder do que com o real desenvolvimento das suas terras, foram os primeiros a esticar a corda e a prolongar a sua presença na BTL, arrastando-se pela feira até à última sexta-feira.

Entre as conversas vazias sobre “promoção turística” e “desenvolvimento regional”, a única coisa que parecia importar para ambos os autarcas era a manutenção do seu “tacho político”. Não se trata de um trabalho sério ou de um empenho real em melhorar a vida dos seus concidadãos, mas de uma estratégia bem montada para garantir que, enquanto o povo labuta, eles se mantêm, confortavelmente, em suas cadeiras de poder.

O que fica claro é que, ao contrário dos seus colegas autarcas da Beira Baixa, que, com as mãos no trabalho, voltaram às suas terras no primeiro momento possível, Jacinto e Rodrigues decidiram tirar partido da feira como um palco para a sua campanha política pessoal, alinhando com o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, em mais uma operação de marketing político. Para estes senhores, a BTL não é um evento de promoção regional, mas um trampolim para a manutenção de uma popularidade que mais não é do que uma fachada.

 

 

Se algo falta nesta equação, é a verdadeira preocupação pelo desenvolvimento local e pelo bem-estar das populações. A Beira Baixa, com todo o seu potencial turístico e cultural, necessita de mais do que discursos vazios e promessas de fachada. Precisa de autarcas comprometidos com o trabalho de base, com a criação de oportunidades reais para os seus habitantes e com o desenvolvimento de políticas sustentáveis para as gerações futuras. Infelizmente, o que temos são “gestores de imagem” que se mantêm agarrados ao poder como quem segura uma corda que se vai desfazendo pouco a pouco.

A verdadeira tragédia é que, para muitos, esta história já se tornou banal. O país parece tolerar a ineficiência e a falta de visão de muitos autarcas, enquanto o povo sofre nas suas comunidades, sem ver resultados concretos. Não é por falta de candidatos competentes ou de alternativas que a Beira Baixa continua a ser negligenciada, mas sim pela teimosia e falta de responsabilidade dos seus líderes locais, que estão mais preocupados em servir-se do cargo do que servir o povo que os elegeu.

E assim, à margem do verdadeiro trabalho, o “mercado de poder” continua a ser alimentado. Enquanto o país vai a votos, os autarcas de sempre continuam a transformar a política numa farsa, em que o interior, os seus problemas e as suas necessidades ficam, como sempre, em segundo plano. É mais fácil vender uma imagem de progresso do que fazer o trabalho real que gera o verdadeiro desenvolvimento.

A questão que fica no ar é simples: até quando vamos tolerar este tipo de farsa? Até quando o interior vai continuar a ser o brinquedo político de uns e outros, enquanto o povo lá dentro se afasta, desiludido e sem qualquer esperança real? Ao que parece, a resposta é mais simples do que pensamos: até que o povo tenha o poder de exigir e mudar. Até que os tontos deixem de ter palco para a sua farsa. E até que o verdadeiro trabalho político – aquele que envolve sacrifício, dedicação e entrega – seja, finalmente, reconhecido como a verdadeira força por detrás da mudança.

Até lá, a feira de turismo de Lisboa seguirá a sua rotina – cheia de risos forçados e promessas de fantasia, enquanto a Beira Baixa continua a ser esquecida, à espera de autarcas que, por vergonha ou compromisso, decidam realmente trabalhar para quem os elegeu.

E essa, meus amigos, é a verdadeira política.

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Fernando Jesus Pires
Fernando Jesus Pireshttps://oregioes.pt/fotojornalista-fernando-pires-jesus/
Jornalista há 35 anos, trabalhou como enviado especial em Macau, República Popular da China, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coréia do Sul e Paralelo 38, Espanha, Andorra, França, Marrocos, Argélia, Sahara e Mauritânia.

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