Na era das redes sociais, o “Gajo do Facebook” emerge como uma figura influente, manipulando as mentes dos incautos com suas postagens. No entanto, por trás da fachada virtual, revela-se um retrato contundente da vacuidade que permeia muitos indivíduos. A verdadeira essência se dissipa quando confrontados pessoalmente, contrastando vividamente com a eloquência e os erros flagrantes que permeiam suas publicações digitais. Parecem intelectuais, mas são meras representações superficiais em uma era digital que confunde aparência com substância.
As redes sociais, especialmente o Facebook, tornaram-se palcos para uma exposição desenfreada, onde cada trivialidade do cotidiano é compartilhada sem discernimento. Se alguém está no hospital, lá estão eles, ávidos por receber uma enxurrada de comentários, gostos e partilhas, como se palavras de conforto e emojis pudessem mitigar dores físicas ou emocionais com um simples toque de mágica.
Nas férias, não há escapatória: cada restaurante visitado, cada paisagem idílica, cada momento de júbilo é meticulosamente capturado e exibido, numa tentativa desesperada de incitar inveja nos espectadores virtuais. E, é claro, os comentários e curtidas servem como validação, alimentando um ciclo vicioso de busca por aprovação.
No entanto, quando a vida assume um tom sombrio, quando a saúde vacila e o sofrimento se instala, o silêncio é ensurdecedor. A coragem de compartilhar os momentos difíceis desaparece, deixando para trás apenas um vazio angustiante e solitário. Nesse jogo de aparências, onde a ostentação usurpa a autenticidade, a verdadeira miséria humana é encoberta por um ego inflado, alimentado pelas interações digitais de uma multidão de “amigos” virtuais.
É uma triste ironia que, em meio a essa exposição excessiva, o verdadeiro enriquecimento cultural seja relegado ao segundo plano. Enquanto os bolsos permanecem vazios e as almas empobrecidas, a riqueza das experiências reais é trocada por uma busca incessante por validação online.
Assim, enquanto os subsídios mantêm os inábeis à margem da produtividade, o exército de especialistas em procrastinação continua a prosperar, dedicando horas intermináveis ao Facebook. Para muitos, a capacidade de expressar pensamentos e emoções através de uma tela tornou-se um substituto conveniente para as conversas sinceras que poderiam ocorrer à volta de uma mesa de café. Mas por trás de perfis anônimos ou fotos descontextualizadas, será covardia ou apenas uma tentativa de preservar a identidade em meio a uma cultura de superficialidade?
Dentro deste palco das redes sociais, emergem os pretensos criativos, que escarnecem da ingenuidade do usuário, afundado em uma vida virtual que consome horas a fio. Eles postam fotos de um prato com duas salsichas, com um pano de fundo (postais ilustrados) que simulam praias paradisíacas, e acrescentam comentários como “o sol hoje na praia de Benidorm está a escaldar, que ótimas férias estou a ter”. O indivíduo raramente sai de casa, mas com essa criatividade fictícia, engana seus conhecidos e desconhecidos, alimentando o ego com os comentários dos seguidores. Os ingênuos já estão online a clicar em “Gosto” e a alimentar o debate do tolo postado no Facebook pelo tal “influenciador” da treta, que ostenta uma grande legião de seguidores, mas jamais abriu um livro para ler. Pois o exercício prolongado de teclado revela os erros de gramática e uma escrita repleta de incorreções, refletindo uma educação deficiente. É claro que muitos desses “doutores” não dispensam o acessório de moda, a gravata, mas em cerimônias públicas sequer apertam o botão do casaco quando posam para a fotografia de grupo.