Ao abrir os comentários sob a minha crónica “Leopoldo Rodrigues e os 27 Assessores: O Império de Castelo Branco”, sou surpreendido com a quantidade de leitores atentos, principalmente mulheres da cidade, que se manifestam sobre a política local. Algumas destas contribuições provêm de pessoas que, de facto, são inteligentes, com um percurso notável no debate político local, com experiências tanto no campo da esquerda como da direita. A elas, o meu respeito. No entanto, mesmo com toda a sua acuidade, a maioria ainda parece não compreender o núcleo da questão, que não é apenas o número de assessores, mas a verdadeira essência do poder e da ineficiência do nosso sistema político
A solução? Continuem a ler. Há mais para entender nas entrelinhas. Sugiro que avancem na leitura da minha crónica seguinte: “O Mapa das Obras e o Fato de Macaco do Presidente Leopoldo Rodrigues”. Nela, talvez consigam finalmente perceber a verdadeira trama que se desenrola por detrás das nossas instituições políticas, e quem são os verdadeiros beneficiários deste espetáculo de engano. O debate, que espero aceso e esclarecedor, continua.
Não sou, evidentemente, uma vítima da política. Sou apenas um espectador atento a uma peça que se desenrola à nossa frente, com mais falas vazias e promessas sem fim. Como bem disse a senhora Dra., que, sendo de Esquerda, ainda bem que o é: “Porque apetece e convém a alguns…”. Ela, como outros, entende bem a dinâmica que envolve o poder local, «com influência até serve para meter a familia». O que importa aqui, no fundo, é o jogo de conveniências, onde as ideias e os princípios são apenas acessórios, peças de um figurino a ser utilizado quando necessário.
A política, esse grande palco onde todos os dias se representam os mesmos atos com diferentes atores, nunca deixa de surpreender. Parece ser o cenário ideal para se aplicar o mais clássico dos truques: a ilusão. A cada ciclo eleitoral, lá estão os mesmos rostos, prontos a fazer as mesmas promessas e a jurar que, agora sim, vai ser diferente. E lá vamos nós, iludidos mais uma vez, a assistir ao grande espetáculo, como bons espectadores que somos.
Não se enganem. A política, tal como a conhecemos, não é uma força de transformação. Nunca foi. E, ao que tudo indica, nunca será. Ela serve um único propósito: perpetuar o sistema. Este sistema, que se mascara de mudanças e de promessas de progresso, é o mesmo de sempre. Só mudam os figurinos. A cada eleição, uma nova cara surge para prometer o impossível. Mas no fim, as promessas não passam disso: promessas. Vazias. Como um truque de magia, o que nos parece novo não é nada mais do que o velho disfarçado.
A política não se destina a resolver os problemas reais da sociedade, mas a manter a máquina a funcionar, sempre a girar, para que os mesmos continuem a sentar-se nas mesmas cadeiras, a celebrar os mesmos contratos, a manter os mesmos privilégios. E o resto de nós? Bem, continuamos a ser os figurantes desta tragédia encenada. A cada quatro anos, somos chamados a votar, como quem vai ao teatro aplaudir ou vaiar o desempenho do ator principal, mas no fundo, o espetáculo nunca muda. Apenas muda o cenário. Ou, como diria a senhora Dra., talvez o que realmente importa é perceber o que apetece e convém a uns poucos.
Aos olhos de muitos, a política é apenas uma cena de entretenimento. Debates vazios, slogans e promessas sem substância. Mas a verdade que se esconde por trás de tudo isto é bem mais amarga: estamos a viver uma encenação. Cada proposta, cada medida, é cuidadosamente ensaiada para criar a ilusão de que algo está a ser feito. Mas, tal como em qualquer bom espetáculo, as coisas são apenas encenadas. Quando a cortina cai, o cenário é o mesmo. O povo permanece, como sempre, a assistir a esta tragicomédia sem fim, sem nunca perceber que o enredo é o mesmo, ano após ano.
O povo? Ah, o povo continua a ser mero espectador desta pantomima. Embora a crítica e a indignação sejam abundantes nas redes sociais e nos debates, a realidade permanece intocada. O sistema político está bem montado para que nada de substancial mude. E, no entanto, continuamos a assistir, sempre à espera de uma transformação que nunca chega.
Portanto, ao invés de continuar a comentar ou analisar, talvez seja chegada a hora de nos questionarmos sobre o próprio sistema. Será que a política, tal como está estruturada, serve para mudar algo ou, ao contrário, é apenas uma máquina que perpetua o mesmo regime? O sistema, que se diz sempre prestes a reformar-se, não passa de um circo onde as máscaras mudam, mas a essência permanece a mesma. E, como bem disse a senhora Dra., o que nos resta, afinal, é perceber o que realmente apetece e convém a alguns…..