A recente publicação da crónica “Uma comédia de erros e incompetência política” no jornal ORegiões suscitou um conjunto de reações, em especial pela referência ao Aeródromo Municipal de Castelo Branco. A crítica foi baseada em uma carta anónima, a qual, segundo o diretor do aeródromo, Amândio Nunes, não apresenta a verdade factual nem contempla o contexto completo da gestão da infraestrutura. Após ler o e-mail do diretor, que explicou detalhadamente os factos, e após uma conversa telefónica esclarecedora, decidi escrever esta crónica para repor a verdade dos factos e para que se compreenda o esforço contínuo da atual gestão em fazer do Aeródromo de Castelo Branco uma infraestrutura moderna, eficiente e com uma crescente relevância no panorama nacional e internacional

O primeiro ponto a ser destacado é a gestão do aeródromo, que se encontra devidamente estruturada e é composta por uma equipa com uma vasta experiência no setor. O aeródromo tem uma administração composta por profissionais com competências reconhecidas pela Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC), a qual validou a constituição e a capacidade técnica da direção. A atual gestão iniciou funções em julho de 2022 e desde então tem trabalhado para resolver problemas que foram herdados da gestão anterior. A carta anónima sugere falta de experiência na direção atual, mas ignora o facto de que a ANAC validou, com parecer positivo, as competências dos responsáveis pela infraestrutura.
Além disso, a mudança de gestão não foi uma escolha simples. Ao assumir a direção, a nova equipa não recebeu da anterior qualquer documentação relevante, exceto o Manual de Aeródromo, e, em poucos dias, foi confrontada com uma auditoria da ANAC, que identificou 22 não conformidades no aeródromo. A nova equipa teve menos de 15 dias (10 dias úteis) para apresentar um plano de ações corretivas, num período crítico de verão, em que o aeródromo está particularmente ativo, devido às operações de combate a incêndios rurais. Mesmo assim, todas as não conformidades foram resolvidas e implementou-se um novo sistema de gestão de segurança, tanto operacional como aeroportuária. O reconhecimento dessa melhoria foi formalizado pelo Despacho nº 561/2023, publicado em Diário da República, que designou o município de Castelo Branco como prestador de serviços de tráfego aéreo.
Em relação à gestão financeira, a atual administração tem demonstrado uma abordagem responsável e transparente. Os custos com a direção e a gestão do aeródromo são públicos e bastante modestos, não ultrapassando os 10.000 euros anuais. Ao contrário do que a carta anónima sugere, não houve gastos excessivos em cargos de direção, mas sim um investimento significativo em recursos humanos afetos aos serviços essenciais da infraestrutura. Este investimento tem contribuído para o aumento da capacidade de resposta e para a sustentabilidade a longo prazo do aeródromo.
A evolução do Aeródromo de Castelo Branco não se limita à gestão interna. Nos últimos dois anos, a infraestrutura tem sido alvo de fortes investimentos, que não só garantem a segurança operacional, mas também consolidam o aeródromo como um centro estratégico. A sua designação como Centro de Meios Aéreos Ibérico, reconhecido pela União Europeia, permitiu a alocação de meios aéreos para o combate a incêndios rurais. Além disso, em 2023 e 2024, o aeródromo foi palco de grandes eventos, como festivais aéreos que trouxeram mais de 20.000 visitantes ao município e um exercício militar da Força Aérea Belga. A infraestrutura foi ainda integrada no AED Cluster Portugal, que envolve mais de 140 entidades do setor aeronáutico, do espaço e da defesa, o que tem gerado novas oportunidades de investimento e desenvolvimento.
O aeródromo também está a avançar com projetos de ampliação. A construção de novas placas de estacionamento foi aprovada pela ANAC e está prevista para o primeiro semestre de 2025. Além disso, está em curso o desenvolvimento de um projeto de iluminação da pista e a criação de uma base para a Dassault Aviation Business Services, um passo importante para consolidar o aeródromo como um centro de excelência na aviação. A oferta formativa na área de manutenção aeronáutica será igualmente uma realidade em 2025, com a instalação de um polo da empresa Cenfortec.
Uma das questões abordadas na carta anónima refere-se ao impacto da instalação de painéis solares no aeródromo. Este projeto, que foi aprovado pela ANAC, não impede a expansão da infraestrutura, dado que existem mais de 150 hectares disponíveis para o desenvolvimento de novos projetos e a ampliação da pista, que está prevista para 2.000 metros, um passo importante para aumentar a capacidade do aeródromo e atrair mais investimento.
A gestão do aeródromo tem, portanto, sido pautada por uma série de decisões estratégicas que visam o crescimento sustentável da infraestrutura e a sua afirmação no panorama nacional e internacional. Ao contrário do que se afirma na carta anónima, o que se tem vindo a verificar não é uma sucessão de erros, mas sim a superação de obstáculos, a melhoria contínua e a criação de condições para um futuro próspero para o Aeródromo de Castelo Branco. O município tem investido no crescimento da infraestrutura e tem demonstrado uma visão clara para o seu desenvolvimento, o que, a médio e longo prazo, trará benefícios para toda a região.
Em conclusão, ao contrário da narrativa apresentada na carta anónima, a gestão do Aeródromo de Castelo Branco é um exemplo de competência, dedicação e responsabilidade. O seu desenvolvimento e a sua afirmação são um reflexo do trabalho árduo da atual direção, que tem sabido superar desafios e alcançar marcos importantes, colocando a infraestrutura no caminho certo para o sucesso.