Ah, Abril! Mês das primaveras, das flores que se abrem, do sol que se estica, das alegrias do renascimento da natureza, mas também das sombras que surgem no calendário. Abril é um mês de contrastes, onde a luz das flores pode ser ofuscada pelas sombras das mentiras, e onde as revoluções, que ainda germinam, parecem estar presas na mesma terra que o tempo constantemente molha. Entre cravos vermelhos e promessas de liberdade, a realidade de Abril revela-se mais complexa do que as simples flores que nascem nos campos. Afinal, este é o mês em que o tempo nos desafia a refletir sobre aquilo que é verdade, sobre aquilo que é mentira, e sobre a imensidão de escolhas que ainda temos por fazer.
Abril, o mês que renova e que revela
Abril chega, e com ele, o mundo floresce. As árvores que, durante meses, pareciam sonolentas, de repente acordam e se vestem de verde, as flores começam a desabrochar e o ar fresco invade as casas. Ah, o cheiro da terra molhada, o toque suave da brisa, o vislumbre da esperança que, no fundo, é quase sempre o que se espera da primavera. Mas Abril não é só isso. Não é só o mês das flores ou o mês das festas de aniversário (como o meu, por exemplo), recheadas de brindes e abraços apertados. Ao lado de todo esse entusiasmo, existe sempre uma pontinha de melancolia, quase como um lembrete de que, apesar da euforia do tempo que passa, as escolhas que fizemos não se apagam com o sopro de uma vela. O tempo escorre, e é inevitável que nos questionemos sobre o que fizemos com ele, sobre o que ele nos deixou e sobre o que ainda temos para fazer.
O 1º de Abril e as mentiras que se espalham como pólvora
Se Abril tem algo que o distingue de outros meses, é a sua carga simbólica. Não é por acaso que começamos o mês celebrando o Dia das Mentiras. No 1º de Abril, as pessoas vestem-se de fantasia, lançam trotes, e a credulidade vira a moeda de troca. Mas o que está realmente por trás dessa celebração? A mentira. A mentira como espetáculo, como farsa, como estratégia para enganar e manipular. Mas Abril, e as mentiras que nele se celebram, não são apenas um jogo inocente. Estamos, muitas vezes, a brincar com algo muito mais sério.
A mentira, essa velha amiga, é uma sombra que paira sobre a nossa sociedade, não se limitando ao 1º de Abril, mas estendendo-se para o tecido político e social. Em Abril, as mentiras não são apenas uma diversão passageira, mas uma ferramenta que ajuda a moldar o presente e o futuro. Quem não se lembra dos discursos inflamados, das promessas vazias e das palavras que voam sem nunca pousar? Não são só as piadas do 1º de Abril que têm o poder de nos iludir. As mentiras mais devastadoras são aquelas que se disfarçam de verdades, aquelas que nos são ditas de maneira tão convincente que, muitas vezes, preferimos acreditar nelas.
O 25 de Abril: Revolução, Liberdade e… ainda a luta pela verdade
Mas Abril também é o mês das revoluções. No dia 25 de Abril, celebramos a Revolução dos Cravos, que em 1974, fez cair um regime opressor, abrindo as portas para a democracia. Aquele cravo vermelho, singelo mas poderoso, simboliza uma luta por liberdade, por justiça, por verdade. Uma luta que, apesar daquilo que alguns possam pensar, ainda não acabou. Porque a revolução, meus caros, não se faz apenas com a queda de um regime, mas com a construção diária de uma sociedade que não deixe a mentira tomar conta da sua agenda. Hoje, em pleno século XXI, assistimos a uma nova revolução — uma revolução das ideias, uma revolução da verdade, onde a sátira, como sempre, tem o seu lugar de destaque.
Ah, a sátira! Ela que, ao lançar seu olhar afiado sobre a nossa sociedade, expõe as contradições mais visíveis. Como aqueles que se proclamam defensores da liberdade, mas que, no fundo, apenas procuram o poder para si. Como aqueles que, em discursos inflamados sobre a democracia, disfarçam a falta de ação concreta, o vazio de promessas e o medo de enfrentar as batalhas reais. Abril, com a sua carga de simbolismo, ensina-nos que a verdadeira revolução não se faz apenas nos dias de festa. Ela precisa de um trabalho contínuo, diário, onde a liberdade não é apenas celebrada, mas vivida na prática.
Abril e o nosso papel na mudança
E então, o que nos resta? O que fazemos com Abril? O que fazemos com o tempo que ele nos dá? Vivemos numa época em que as guerras assolam o mundo e, no mesmo compasso, assistimos a uma efervescência de promessas eleitorais. De um lado, os políticos desfilam promessas como se fossem flores frescas, do outro, as mentiras correm soltas, disfarçadas de esperanças. Mas onde está a revolução que começou com o cravo vermelho? Onde está a verdadeira luta pela liberdade e pela verdade?
Em cada Abril, somos chamados a uma reflexão. E, ao refletirmos, somos levados a questionar: o que fizemos com as vitórias do passado? O que estamos a fazer com as oportunidades do presente? O mês de Abril lembra-nos que, por mais que se fale em revolução, a verdadeira mudança começa em cada um de nós. O que importa não é o que Abril nos dá, mas o que fazemos com ele. Não podemos deixar que a mentira vença a verdade, que a indiferença faça da nossa democracia uma caricatura.
O Abril que temos, o Abril que queremos
Entre o despertar das flores, a efervescência das mentiras e as promessas de revolução, o que Abril realmente nos pede é que, em vez de nos contentarmos com o passado, tomemos nas nossas mãos o futuro. O que importa, no fim das contas, não é o que Abril representa apenas no calendário, mas o que fazemos com o tempo que ele nos oferece. Entre a Primavera que renasce e as consciências que acordam, é talvez este o verdadeiro espírito de Abril. Que a revolução, em sua essência, comece dentro de nós.