Abusos sexuais contra crianças na Igreja Católica são revelados
O relatório conclusivo da Comissão Independente que investiga os abusos sexuais contra menores na igreja católica, foi entregue à Conferência Episcopal Portuguesa, neste último domingo e será revelado esta segunda-feira.
Pelo que já se sabe, foram validadas 424 denúncias porque uma grande maioria já prescreveu no tempo.
São estas 424 que poderão ser levadas ainda à justiça e é sobretudo esta a grande questão que se coloca a partir daqui. Durante a investigação, 17 casos foram participados ao Ministério Público, outros 30 reúnem condições de também serem encaminhamos para investigação judicial. Os restantes são denúncias validadas mas com algumas fragilidades para chegarem ao âmbito da justiça.
As denúncias referem a homens padres, sacristãos e professores de religião. Os locais onde os abusos ocorreram são colégios católicos, acampamentos promovidos por paróquias, nomeadamente de escuteiros e também nas instalações das igrejas.
É também já é sabido que alguns dos abusadores ainda se encontravam no ativo quando as investigações começaram.
Outros abusadores ainda continuam ao serviço da Igreja Católica, o que foi talvez uma das surpresas desta investigação. Há denúncias válidas e testemunhos credíveis contra jovens sacerdotes.
Quando a comissão iniciou trabalhos, o que era sustentável era que a grande maioria dos casos reportavam a partir dos anos 50, e foi o mais longínquo que se conseguiu abranger.
Apesar da Comissão garantir o anonimato de todas as partes envolvidas nas denúncias, vários casos recentes já vieram a público, como os casos do padre de Joane e de Massamá.
O que também já foi denunciado publicamente, foram as omissões das hierarquias católicas perante diversas queixas que algumas das vítimas fizeram diretamente na altura dos factos.
Esta comissão independente, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, foi criada em janeiro de 2022, no âmbito de investigação à escala mundial sobre os crimes de abuso sexual contra crianças no seio da igreja católica.