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Agarra o burlão, Guida, agarra o burlão

Que me desculpe o genial defunto Luis Sttau Monteiro, mas gamo-lhe e estrago-lhe um título para me rir convosco sobre as abençoadas “viagens de finalistas”.
Tendes filhos em idade de querer ir numa dessas viagens fálicas e vaginais, cheias de Mahou e areia entre as coxas? Então, tomai muita atenção. Andam aí atletas a vender as manhosas viagens de final de coiso sem contracto, factura, seguros, responsabilidade, nada. Escondem-se numa cascata de empresas que custa a deslindar e que, por norma, acabam sempre numa sociedade privada com sede na Lua ou em Júpiter.

Um bom rapaz chegou-me aqui a dizer que tinha de pagar cem paus até dia quatro, senão ficava sem quarto lá em Sodoma. Que se não pagasse ficava sem vaga. Que sem vaga não ficava no mesmo hotel dos amigos. Que os amigos, alguns, já tinham pago a um Abraão que andava a voar como as águias sobre a escola.

Fui ver. Era de rebolar no chão a rir, o vídeo que a tal empresa promotora tinha online. Contei 78 planos com rabos femininos e maminhas idem, entrecortados por umas paisagens aéreas que pareciam de um bairro social dos anos sessenta. E, de vez em quando, fugazmente, uns rapazes de calções a beber cerveja e muito felizes. Pronto, o que foram eles fazer.

Fiquei cheio de vontade de ir, também. Queria lá saber do assédio a menores, ou do risco de que me violassem. Ou da cerveja, que abomino. Ou cair da janela e morrer, ou ser assaltado nas discotecas. Aquilo era a festa da minha vida, arrastar o coletinho para uma piscina cheia de chavalas machistas, eu pintava os brancos de azul, enfiava mais um brinco com o Piruka e o Tonico Bastos, ia à podologista e, pimba, aí estava eu em Espanha.
O mal foi ter perguntado: «E então, o contracto dessa coisa?». Oooops! O rapaz, a meu lado, esmoreceu. «Não, é o ‘badocha’ da Associação de Estudantes que trata de tudo».

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Nada tenho contra o badocha. Ou o “baixinho”, acho que era esse o nome. Mas, vício dos vícios, comecei a procurar a empresa organizadora. E a dona dessa empresa, que era outra, e acima mais outra e acima outra ainda. E a única coisa que vomitavam era que se estavam marimbando para os putos. Nos “termos e condições” estava bem escrito: “cada um por si, se morreres não pagamos pevide, que a culpa é tua”.

Com o fel na ponta dos olhos, rapidamente descobri a piramidal moscambilha. Recibos, népia. Contracto, nunca. Seguros? Só o cinto do autocarro.

Que grandes mercadonenes me saíram estes gajos. «Isto é notícia, pá, estes gajos deviam ir todos bater com os costados à manchete, a ver se alguém os investiga». E, claro, pedi contracto e quem era, afinal, a empresa mãe – que eu já sabia, era em Port-au-Prince.
Por isso, minha gente, cuidado. Façam lá as hediondas e horrorosas viagens de rebanho, mas ponham-se finos. Senão, recebem um SMS desagradável a avisar que têm de ir buscar o rebento, que está em coma alcoólico, na Calle de Santa Bebiana, 14, um morto em cada esquina.

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Joao Vasco Almeida
Joao Vasco Almeida
Jornalista, autor, (pré-agricultor).

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