Orbaneja del Castillo (Espanha), uma singularidade megalítica
Uma surpresa para o viajante e um misto de perplexidade e deslumbramento em simultâneo esmaga-nos perante a singularidade da aldeia espanhola de Orbaneja del Castilho, incrustada nas rochas, no Vale de Sedano, a 56 quilómetros de Burgos, na fronteira da região Cantábrica. Recuámos no tempo e indagamos agora: como é possível que o ser humano tenha construído a sua casa neste lugar?
O casario, maioritariamente desabitado, encavalita-se, ancorado nas rochas. Daí jorra uma cascata de grande beleza que constitui “o postal” desta aldeia declarada Conjunto Histórico Artístico desde 1993. Constata-se um entrelaçar de ruas estreitas medievais, todas em telha, pedra e madeira. Nela vivem menos de 40 habitantes e não fora a sua preservação para o turismo cultural e histórico, seria mais uma das muitas abandonadas, como as há em Portugal, França, Japão e outros lugares do mundo.
Fizemos a viagem de carro, à descoberta desta aldeia a 716 metros de altitude, mas pode visitar-se de bicicleta ou por caminhadas. Aqui está maior concentração de vestígios arqueológicos e megalíticos, que segundo os especialistas, formam uma sequência pré-histórica que cobre desde o Neolítico até à Idade do Bronze, passando pelo Calcolítico.
A água que brota da Cueva del Agua, proveniente de um grande aquífero que salta por todos os lados, forma uma cascata de 25 metros que desemboca no Rio Ebro, com maior pujança na Primavera. Deslumbrante!
Em Espanha como em Portugal, e um pouco por todo o mundo, aldeias rurais estão cada vez mais vazias, extinguindo-se gradualmente à medida que os agricultores tradicionais vão morrendo. A região das Astúrias, em Espanha, nos designados Picos da Europa é um dos exemplo deste problema: dificuldades no acesso à saúde, à educação, aos transportes, consumo, a um certo brilho do urbano, são fatores que têm provocado a desertificação humana nestes meios, onde os jovens já não querem estar.
Consoante as políticas e os meios, o problema tem sido minimizado com o turismo, que tem sido crescente, minimizando a desertificação com a recuperação de casas para alojamento, valorização dos produtos locais como os queijos e cereais com os quais se promovem receitas gastronómicas específicas, assim como a promoção de desportos equestres, náuticos nas lagoas e o famoso alpinismo.