A antiga administradora da TAP Alexandra Reis devolveu à companhia aérea 266.400 euros da indemnização que recebeu, revelou esta quarta-feira, em comunicado de imprensa. É mais de metade do valor bruto que recebeu no ano passado. No entanto, revela que não se revê nem entende o valor que foi apurado pela TAP.

A antiga administradora da TAP Alexandra Reis revelou, esta quarta-feira, que já devolveu 266.412,76 euros da polémica indemnização paga pela companhia aérea.
“Informo que hoje, após quase três meses à espera de que a TAP me indicasse o valor a devolver, efetuei a devolução de 266.412,76 euros. Foi este o montante líquido global indicado pela TAP. E, apesar de não me rever nele e de não o entender, uma vez que o mesmo não me foi detalhado, nem fundamentado pela empresa, e de também, como é sabido, discordar do parecer da IGF, por minha livre iniciativa, e tal como deixei claro desde o primeiro momento, efetuei a devolução”, escreveu Alexandra Reis, em comunicado de imprensa.
O valor foi calculado pela companhia aérea tendo por base o montante retido da indemnização a título de imposto, além do número de dias de férias por gozar.
Na mesma nota, a antiga administradora da TAP prossegue: “Como referi, não quero ter na minha posse um euro sobre o qual possa existir a mínima suspeita. Aceitei sair da TAP de boa-fé, empresa à qual me entreguei com todo o meu compromisso e dedicação na defesa dos seus interesses, num contexto extremamente difícil” e agora, “espero deste modo encerrar de uma vez por todas este assunto, de forma a enfrentar os desafios que o futuro me traga sem que haja qualquer dúvida sobre a minha idoneidade e atuação enquanto fui administradora da TAP, companhia à qual desejo o maior sucesso”, prossegue.
A gestora reitera ainda que não quer ter em sua “posse um euro sobre o qual possa existir a mínima suspeita”.
Em meados deste mês, recorde-se, o Governo disse que a TAP tem obrigação de recuperar o valor da indemnização, de 500.000 euros, pago a Alexandra Reis para sair da TAP antecipadamente, esperando que a empresa o faça “com a maior rapidez”.
No início de maio, a Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) disse que cabia à TAP fazer o cálculo do valor da indemnização a devolver pela ex-administradora Alexandra Reis e que já transmitiu essa informação à empresa.
Alexandra Reis tinha dito à comissão de inquérito que não tinha devolvido a indemnização até àquela altura, porque aguardava a indicação do valor por parte da TAP.
A comissão parlamentar de inquérito foi constituída na sequência das notícias sobre a indemnização de 500.000 euros a Alexandra Reis, para sair da TAP antecipadamente, e que foi negociada ao abrigo do código das sociedades comerciais, e não do estatuto do gestor público.
Ao abrigo daquele estatuto, as indemnizações só podem ser pagas a administradores que estiveram no mínimo 12 meses em funções, que não é o caso.
“Aceitei sair da TAP de boa-fé, empresa à qual me entreguei com todo o meu compromisso e dedicação na defesa dos seus interesses, num contexto extremamente difícil” e,
Decisão da IGF conhecida no início de março
A Inspeção-Geral de Finanças determinou, dia 1 de março, um valor que corresponde a quase 90 por cento da indemnização que a gestora recebeu quando saiu da companhia aérea, tendo na altura o ministro Pedro Nuno Santos dado luz verde à indemnização milionária.