Uma alga originária da Ásia está a invadir as costas do barlavento (oeste) algarvio, havendo praias em que a sua acumulação originou uma barreira de 1,20 metros de altura, podendo tornar-se preocupante para o turismo e a pesca.
Segundo disse à Lusa Anabela Rocha, vice-presidente da Câmara de Lagoa, um dos concelhos que foi mais afetado, quando o vento sopra de sueste “há sempre o perigo de haver arrojamentos” de alga nas praias, como na do Carvoeiro, que já teve um “muro” com “uma altura de 1,20 metros em toda a extensão do areal”.
O fenómeno, que já ocorreu em 2021 e em 2022, levou o Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve (UAlg) a criar, há dois anos, uma plataforma para recolher dados sobre as algas encontradas nas praias algarvias e perceber quais as espécies invasoras que levam a grandes acumulações nos areais.
De acordo com informação publicada na plataforma Algas na Praia, nas costas rochosas do barlavento, as acumulações são causadas por uma alga castanha invasora originária dos mares do Japão e Coreia, cujo nome científico é Rugulopteryx okamurae.
Para tentar mitigar a acumulação de algas nas praias do concelho, a Câmara de Lagoa gastou 40.000 euros numa das intervenções que fez para limpar a praia, tendo removido 400 toneladas desta espécie invasora, um “custo muito significativo” para os cofres municipais, segundo Anabela Rocha.
Tendo em conta que as acumulações causadas por esta alga parecem estar a aumentar em extensão, aquele município está já a desenvolver projetos-piloto para tentar mitigar o problema, esperando contar no futuro com fundos nacionais.
A autarquia receia o impacto que o problema possa ter sobre o turismo, a principal fonte de rendimento da região, e sobre a pesca, como a do polvo, espécie que é expulsa das rochas pela alga invasora.
“Esta alga está mais desenvolvida agora, porque tem melhores condições para se desenvolver, mas está presente durante todo o ano” disse à Lusa Rui Santos, do CCMAR. Segundo o investigador, esta espécie é a que “provoca, de longe, mais acumulações” na costa algarvia.
Rui Santos assegura que a alga invasora “não constitui um perigo para a saúde humana e a sua erradicação é quase impossível”, sendo necessário reduzir a área que ocupa através da sua “remoção ou aproveitamento para alguma utilização económica”, que ainda não foi encontrada.
Os investigadores sabem que a Rugulopteryx okamurae apareceu pela primeira vez no sul de França, onde existe aquacultura de ostras, tendo, em seguida, alastrado para Espanha, Marrocos e Portugal.
No entanto, há outras algas que se acumulam nas praias da zona central do Algarve, entre Albufeira e Faro, como a alga vermelha invasora Asparagopsis armata, nativa das águas da Austrália e Nova Zelândia, e que foi a responsável pelas acumulações registadas em 2021 e em 2022.
Por outro lado, na costa arenosa do sotavento (este) algarvio, a alga verde Ulva sp., nativa da costa portuguesa, foi a principal responsável pelas grandes acumulações que se observaram em 2021.
Fonte: Lusa