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Apagão provocou prejuízos de milhões na economia

Dez horas de apagão podem ter provocado prejuízos de cerca de 15 milhões de euros na economia portuguesa. A estimativa da Confederação Empresarial de Portugal representa uma média e diz respeito apenas a áreas que não são recuperáveis. So no sector do leite e laticínios os prejuízos atingem, pelo menos, três milhões de euros, estimou esta quarta-feira a confederação das cooperativas agrícolas, que pede ao Governo uma compensação para os produtores.

O apagão que afetou o país na segunda-feira pode ter provocado, em média, um prejuízo de 15 milhões de euros na economia portuguesa. A estimativa é do presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), Armindo Monteiro.

“No cenário mais pessimista, perdeu-se um dia no produto interno bruto (PIB), o que dá cerca de 1,1 mil milhões de euros”, afirma Óscar Afonso, diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP), dividindo o PIB de 2024, de 284,9 mil milhões de euros, pelos 253 dias úteis do ano.

O mesmo refere Armindo Monteiro ao defender: “considerando um dia normal de trabalho e as cerca de dez horas de quebra na produção, utilizando apenas uma média aritmética, falamos na ordem dos 15 milhões de euros, que é o que corresponde a esse período que houve a paragem. Mas eu, como digo, é apenas um valor de média. Isto nas áreas não recuperáveis, nas áreas recuperáveis, naturalmente, que esse valor diminui, porque os sistemas estão a ser repostos”.

Sublinhando o impacto em determinados setores. “Houve atrasos, mas as encomendas prioritárias conseguiram ser entregues, como os medicamentos. Não houve quebra de stocks. Houve alguns atrasos que naturalmente estão a ser repostos, mas há outros setores que infelizmente não é possível de corrigir. Refiro-me à indústria agroalimentar, cujos produtos que estavam em produção finalizada ou em outras produções e não houve tempo para serem produzidos. Nesse sentido, os prejuízos foram significativos, mas sem dramatismo”, afirma o presidente da CIP.

Já o economista e comentador da SIC João Duque avança que o apagão de segunda-feira poderá ter um impacto estimado de 200 milhões de euros no PIB português, salientando que “um dia de feriado tem mais impacto”.

Calcular o impacto do corte de eletricidade no Produto Interno Bruto (PIB) do país é, na perspectiva de João Duque, “uma conta bocadinho difícil”. Contudo, é possível estimar que terá, potencialmente, afetado o equivalente a “um dia de consumo”.

“Se quisermos fazer uma estimativa por alto”, afirma João Duque,é “razoável acreditar” que o país terá perdido “200 milhões” de euros.

“É um número que para qualquer pessoa é significativo. Para um país, não se nota, praticamente”, diz o economista. “Um dia de feriado tem mais impacto do que este apagão”.

Já o secretário-geral da Confederação da Agricultura de Portugal (CAP), Luís Mira, refere que o setor não foi dos mais afetados. Luís Mira fala apenas de perturbações, porque o “sector agrícola é um setor que não para, nem pode parar, a natureza não para e, portanto, não há nenhum relato de prejuízos significativos”, frisa.

Prejuízos de 3 milhões no leite e na carne

Apesar destas afirmações, Luis Mira adianta que os prejuízos provocados pelo apagão energético atingem, pelo menos, três milhões de euros no sector do leite e laticínios. Estimativas que são confirmadas pela confederação das cooperativas agrícolas, que pede ao Governo uma compensação para os produtores.

“Houve produtores que tiveram de deitar leite fora porque não tinham condições de armazenamento”, relatou, aos jornalistas em Beja, o presidente da Confederação das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (Confagri), Idalino Leão.

Também a recolha do leite nos produtores, segundo o responsável, “foi feita mais tarde”, o que provocou estrangulamentos “depois na fábrica, porque a quantidade foi de tal ordem que causou alguns constrangimentos”.

“Nas nossas contas, estes constrangimentos podem rondar os três milhões de euros”, admitiu o presidente da Confagri, que falava aos jornalistas à margem de seminário realizado na feira agropecuária Ovibeja, na cidade alentejana.

Idalino Leão realçou que, na área da agricultura, os setores da pecuária, do leite, dos laticínios e da carne foram os mais afetados pelo corte da energia elétrica.

“Estamos a falar de produtos perecíveis, em que a cadeia de frio é fundamental para a sua funcionalidade e continuidade laboral” e o fornecimento de eletricidade na segunda-feira “foi interrompido durante 12 horas”, salientou.

Quanto ao setor da carne, acrescentou, também existem prejuízos, porque “unidades de abate e transformação tiveram que encerrar”, por falta energia para os sistemas de refrigeração, mas, neste caso, ainda não estão contabilizados.

Assinalando que o levantamento dos prejuízos ainda está a ser feito, o responsável referiu que a estimativa de três milhões de euros no setor do leite e laticínios abrange as perdas registadas nos produtores, na cadeia logística e na indústria.

A Associação Portuguesa dos Industriais de Carnes (APIC) também já reclamou a criação de uma linha de apoio e a proibição das energéticas alegarem motivos de força maior perante os custos decorrentes do apagão, que levou a que animais deixassem de ser enviados para consumo.

Pedido de apoios para o comércio

Por outro lado, o presidente da Confederação de Comércio e Serviços de Portugal, João Vieira Lopes, admite prejuízos no setor, mas não arrisca um número.

“Neste momento, é praticamente impossível fazer um balanço numérico. A maior parte dos estabelecimentos grandes têm geradores a que podem recorrer e que mantiveram toda a rede de frio a funcionar a temperaturas normais. Algumas das lojas independentes e de pequena e média dimensão não têm essa capacidade financeira e por isso houve prejuízos variados que neste momento nós não conseguimos quantificar, mas que tem alguma importância tendo em conta a dimensão e o volume de faturação dessas lojas”, esclarece, considerando que o Governo poderia apoiar, mesmo que apenas em parte, quem sofreu prejuízos.

“Parte desses prejuízos são cobertos por seguros, no entanto, tem sentido que o Governo possa, e tendo em conta os meios disponíveis que existem para responder a catástrofes naturais, ressarcir parte desses prejuízos, desde que sejam comprovados que se devem a essa situação”, acrescenta.

Marcas na indústria têxtil

Os prejuízos ainda estão a ser contabilizados, mas já é certo que o apagão elétrico deixou marcas na indústria têxtil. Máquinas paradas, processos de produção que ficaram a meio e alguns equipamentos que podem mesmo ter ficado inutilizados.

A Associação Têxtil e Vestuário de Portugal diz que das cerca de 550 empresas associadas pelo menos 30 sofreram prejuízos. Um número que pode vir a aumentar. Foi esse o receio assumido pela diretora-geral da associação, Ana Paula Diniz.

A Associação Têxtil e Vestuário de Portugal disponibilizou um questionário para que as empresas possam enumerar as consequências do apagão. Algumas dessas empresas já reivindicaram apoios para dar resposta ao prejuízo.

A indústria têxtil está concentrada no litoral norte, sobretudo nos concelhos de Famalicão, Braga, Guimarães e Porto.

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