O corte súbito na rede elétrica ibérica ainda está sob investigação, mas todas as fontes coincidem em causas técnicas. Portugal indicou que a origem do corte massivo esteve em Espanha, enquanto a Red Eléctrica Espanhola (REE) apontou para uma quebra na interligação com a França como gatilho inicial
Operadores têm registado “oscilações anormais” de tensão em linhas de muito alta tensão (400 kV) pouco antes do apagão. A REN (gestora portuguesa) mencionou um raro “fenómeno de vibração atmosférica” provocado por bruscas variações de temperatura que pode ter afetado a estabilidade das redes. Até ao momento não há indícios de ataque informático ou sabotagem (Portugal e Espanha: CE não tem provas de ciberataque no apagão | Monitor Mercantil). A vice-presidente da Comissão Europeia, Teresa Ribera, enfatizou que não existem provas de ciberataque, destacando que se trata de “uma das maiores falhas no sistema elétrico” europeus dos últimos anos (Portugal e Espanha: CE não tem provas de ciberataque no apagão | Monitor Mercantil).
Rede elétrica em Portugal às 00h30 de 29 de abril
Por volta da meia-noite de terça-feira, cerca de 80% dos consumidores portugueses já tinham eletricidade (Apagão: Cerca de 80% da população com fornecimento de eletricidade). Segundo a REN, até às 22h00 mais de 2,5 milhões de clientes (cerca de 40% do país) estavam energizados, número que subiu para cerca de 4 milhões (quase 60%) às 22h30. Em termos de infraestrutura, 85 das 89 subestações e estações de corte da REN já estavam em serviço, permanecendo desligadas apenas quatro instalações – Trafaria, Divor, Estremoz e Portimão. As áreas mais densamente povoadas ainda sem energia eram a zona ocidental de Almada e a cidade de Portimão. No Grande Porto a eletricidade foi retomada mais cedo, graças às centrais de Castelo de Bode e Tapada do Outeiro, únicas com capacidade de arrancada autónoma (“black start”) no país (Apagão: “não há indícios” de ciberataque, mas “nada está afastado” – ZAP Notícias). Em Lisboa, o restabelecimento começou por volta das 20h00 e já ia abrangendo gradualmente toda a rede até à meia-noite, excetuando as zonas referidas. Os Açores e a Madeira, com redes próprias, não foram afetados.
Medidas do Governo e funcionamento dos serviços públicos
O Governo português declarou situação de crise energética até 30 de abril, uma espécie de estado de emergência no setor energético. O decreto permite tomar medidas excecionais para garantir o fornecimento aos serviços essenciais (hospitais, forças de segurança, telecomunicações, transportes) e regular o uso e distribuição de energia e combustíveis. Montenegro apelou à calma e pediu moderação no consumo para evitar novas oscilações no sistema (Apagão: Cerca de 80% da população com fornecimento de eletricidade). A Rede Estratégica de Postos de Abastecimento (REPA) entrou em vigor, reservando combustível para as entidades prioritárias (forças de segurança, saúde, proteção civil, aviação, etc.). O Governo mobilizou as polícias e proteção civil em vigilância intensiva nas áreas sem luz. A PSP reforçou patrulhamento nessas cidades, e a GNR passou a escoltar os comboios-tanque que abastecem hospitais e postos de combustível críticos (GNR está a escoltar transporte de combustíveis e apela à calma – SIC Notícias).
O primeiro-ministro garantiu que, salvo novas perturbações, as escolas e serviços públicos devem abrir normalmente na terça-feira. De resto, recomendou prudência no acesso a centros de saúde e supermercados (este último com horários especiais). A Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) autorizou voos noturnos para recuperar atrasos acumulados nos aeroportos de Lisboa e Porto. Entretanto, circulou informação oficial (via SMS da Proteção Civil) informando a população de que o restabelecimento seria gradual e apelando a não congestionarem as linhas de emergência.
Consequências em Portugal, Espanha e na Europa
Em Portugal, o apagão paralisou transportes urbanos e retardou serviços em hospitais (cirurgias eletivas canceladas; unidades funcionaram por geradores). Centenas de passageiros ficaram retidos em metros e comboios; dezenas de milhares foram evacuados sem acidentes graves. Em Espanha, o governo declarou estado de emergência nacional e mobilizou 30 000 policiais para manter a ordem pública. O metro de Madrid, comboio de alta velocidade e autocarros foram suspensos ao meio-dia; estações de comboio foram abertas para pernoite de passageiros. Por volta da noite, mais de 60% do país recuperou luz. Na Catalunha, Valência e outras regiões afectadas, guardas civis orientavam trânsito nos semáforos apagados. Até segunda-feira à noite não houve registo de tumultos ou saques, mas foram relatados congestionamentos em estradas devido ao caos nos sinais de trânsito.
O apagão afetou também partes do sul da França (curto corte em algumas redes). A estação de Andorra teve breve oscilação antes de religar-se à rede francesa. Países como Alemanha tiveram apenas relatos pontuais de flutuações de tensão, sem cortes generalizados. A UE acionou protocolos de emergência energética. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e a comissária de Energia, Kadri Simson, mantêm contato com Portugal e Espanha. A vice-presidente Ribera afirmou não haver prova de ataque externo e que a prioridade é restaurar o sistema e apurar as causas (Portugal e Espanha: CE não tem provas de ciberataque no apagão | Monitor Mercantil). A ENTSO-E (rede de operadores europeus) trabalha em coordenação com REN e REE para normalizar o fornecimento. Em Bruxelas, pondera-se reforçar interligações e protocolos de segurança energética após o incidente, que a Comissão descreveu como “uma das maiores falhas elétricas dos últimos anos” na Europa (Portugal e Espanha: CE não tem provas de ciberataque no apagão | Monitor Mercantil).