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Apesar do IVA a 0%, preços podem aumentar

Toda a gente empurra culpas: depois das empresas de distribuição associadas da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), agora são as transportadoras representadas pela Antram e também a Confederação Nacional de Agricultura (CNA) a dizer que a inflação mais alta nos produtos alimentares, quando comparada com a inflação geral no país, não é culpa desses sectores.

Aliás, apesar do acordo do Governo com a produção e distribuição para colocar o IVA à taxa zero em 44 produtos, Eduardo Oliveira e Sousa, da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), alerta que os preços dos produtos agrícolas junto do consumidor vão continuar a aumentar “ainda durante algum tempo, mesmo que a inflação pare”, e só por “milagre” poderiam voltar aos valores de há um ano.

Apesar do IVA a 0%, preços podem aumentar
DR

“É natural que continuem a subir durante algum tempo para amortizar a diferença de velocidades entre o aumento do custo de produção e o valor da venda desse mesmo produto”, refere o presidente da Confederação da CAP.

Assim, quem for dentro de uma semana comprar, por exemplo, laranjas, tomates e cenouras ao supermercado até pode encontrar esses produtos mais caros. Tudo depende da quantidade que os agricultores conseguirem produzir e se a inflação continua ou não a aumentar.

Os produtores de frutas e hortícolas aplaudem a aliança estabelecida com o Governo, mas não querem criar demasiadas expectativas no consumidor. Um dos produtos que pode não assistir a qualquer redução significativa, e até ser sujeita a um aumento, é a laranja do Algarve.

Os produtores estimam que este ano a qualidade de verão tenha uma quebra de produção de 50%. José Oliveira da Associação de Operadores de Citrinos do Algarve (AlgarOrange) afirma que “pelo facto de ter havido este acordo, que concordamos e achamos correto, não quero que se crie a expectativa nas pessoas que os preços não vão aumentar”.

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O mesmo pensam alguns economistas que explicam que, mesmo que haja uma descida da taxa do IVA de 6% para 0% nos produtos essenciais, como a batata ou o leite, isso não significa automaticamente que o preço final vai descer. Para lá do imposto há que contar com os produtores, os distribuidores e os próprios consumidores, tudo agentes económicos que vão fazer variar os preços, e cujos comportamentos são difíceis de controlar, mesmo para o aparelho do Estado. A juntar a tudo isso há ainda um outro fator, que tem influência sobre os restantes: a inflação.

Regras do mercado «comem» IVA

Por estes motivos, a descida do IVA no preço que foi acordada entre a produção e o governo, poderá ser “comida” pelas regras do mercado. A mesma situação pode acontecer nalguns hortícolas. A Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutas e Hortícolas (FNOP) salienta que tudo depende do que for a produção.

“Depende do que os agricultores plantaram, do que foram as condições climatéricas, há um conjunto de fatores”, salienta Domingos Santos. “É diferente ter uma fábrica de parafusos que eu sei quantos saem por dia, do que fazer agricultura que não sei como será o fator clima”, enfatiza.

O presidente da FNOP defende que “tudo depende dos mercados” e se a inflação continuar a descer. “Quando o Estado fez a descida sobre os produtos petrolíferos, os combustíveis não deixaram de aumentar”, recorda.

Mas, mesmo neste clima ainda de incerteza, os produtores esperam, no entanto, que o preço final possa ser mais baixo para o consumidor.

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