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Apocalipse do PS autárquico

O cenário político actual do Partido Socialista assemelha-se a um autocarro desgovernado, com a perda de câmaras municipais e juntas de freguesia a despontar no horizonte como o sinal inequívoco de um rumo em frangalhos. Os dias em que os bons candidatos se entusiasmavam com o ideal de servir a comunidade parecem ter ficado para trás, abandonados à mercê de uma luta de galinhas que só serve para demonstrar o caos interno. Afinal, quando o próprio partido se embrenha numa disputa interna medíocre, até os que têm alma de combatentes preferem manter distância e não se meter na confusão.

A nova geração de “líderes” do PS vem da academia da Juventude do partido, a JS, onde se aprende mais a arte dos vícios e dos truques do que os princípios fundamentais de ideologia, política, cidadania e o verdadeiro sentido do serviço público. Nesta escola do improviso, o saber parece ter sido substituído pela habilidade de navegar em águas turvas, fazendo com que as escolhas dos candidatos sejam tão fracas e desinteressantes quanto uma marmita fria num dia de inverno. Quem dera o partido se recordasse do ditado popular que diz “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, mas hoje, o que se vê é a pedra a esfacelar-se ao primeiro toque.

Enquanto isso, o PSD, principal rival, não deixa escapar a oportunidade de tirar partido deste desnorte interno alheio. Com candidatos também medíocres, mas que pelo menos se apresentam com um ar de asseio e elegância – ou, no caso das senhoras, barbeadas – a oposição aposta na imagem limpa para tentar conquistar o eleitor. É a velha história: mesmo que o conteúdo seja raso, a apresentação conta bastante. Lisboa e Porto podem ser as estrelas das noites eleitorais, onde os discursos e os holofotes se agitam, mas o que realmente pesa é o número de câmaras e juntas conquistadas por todo o país. Afinal, são nessas instâncias que se enfiam os jovens militantes ascendentes aos lugares que, na prática, se traduzem em empregos públicos e em um poder que se perpetua.

Para completar o cenário surreal, já circulam pelos bastidores boatos de que alguns candidatos do PS, em Lisboa, demonstram relutância em fazer campanha ao lado de Alexandra Leitão. A razão, que beira o absurdo, é o facto de a candidata ser considerada “gorda”. Um critério tão frívolo que, como diz o ditado, “quem não tem cão, caça com gato”, mas neste caso, parece mais um despropósito que empurra a política para um grau abaixo de zero. Este episódio expõe a superficialidade que se instalou, onde a aparência conta mais do que a competência ou o compromisso com a sociedade.

E assim, numa espécie de ironia do destino, damos três vivas a António José Seguro, figura que se encontra a um passo de ser Presidente da República. Seguro, que sempre soube tirar partido das dificuldades, está prestes a protagonizar uma virada inesperada. Talvez amanhã seja o dia em que se expliquem os meandros desta trama política, numa narrativa onde, por fim, a esperteza se impõe à mediocridade. No fundo, resta apenas esperar que, entre reviravoltas e contradições, o país encontre no tumulto um fio de esperança para reverter este cenário de confusão e desalinho.

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Joao Vasco Almeida
Joao Vasco Almeida
Jornalista 2554, autor de obras de ficção e humor, radialista, compositor, ‘blogger’,' vlogger' e produtor. Agricultor devido às sobreirinhas.

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