Num lamentável episódio digno de comédia política, Armindo Jacinto, Presidente da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova e líder da Concelhia do Partido Socialista no concelho, recorreu a uma táctica já gasta, mas sempre eficaz entre os políticos encurralados: atacar a comunicação social. Numa tentativa desesperada de desviar as atenções do julgamento onde a autarquia que dirige foi condenada a pagar uma indemnização à artista Cristina Rodrigues, Jacinto apontou o dedo ao jornal O Regiões, apelidando-o de “braço armado da desinformação” a serviço do MPT (Movimento Para Todos)
Se a intenção era atirar areia para os olhos do público, o Presidente terá de tentar com mais força. O jornal O Regiões, conhecido pela sua independência, não só não se rege por qualquer agenda política, como tem vindo, sem qualquer hesitação, a expor as falhas e trapalhadas da gestão camarária de Armindo Jacinto. Ao acusar o jornal de desinformação, Jacinto revela apenas uma coisa: a verdade dói.
A crítica publicada por O Regiões baseia-se em factos, algo que, aparentemente, incomoda o Presidente. Afinal, quem não gostaria de esconder decisões erráticas e julgamentos condenatórios debaixo do tapete? Contudo, o verdadeiro problema parece ser que O Regiões não está disposto a compactuar com tal estratégia de ocultação, levando a cabo o seu papel enquanto órgão independente de comunicação: relatar os acontecimentos com verdade, doa a quem doer.
Jacinto pode continuar a lançar acusações infundadas e a tentar desacreditar a imprensa, mas, na realidade, apenas contribui para que as suas próprias falhas de gestão se tornem ainda mais evidentes. Afinal, um líder que tem de recorrer a ataques pessoais para justificar as suas acções talvez não tenha assim tanto para justificar.
Este episódio levanta questões sobre a maturidade política de quem ocupa cargos públicos. Em vez de assumir responsabilidades e tentar corrigir os erros, Armindo Jacinto opta por um caminho que já vimos em demasiadas vezes: atirar culpas para fora e vitimizar-se perante a crítica. Porém, o verdadeiro perdedor nesta estratégia é sempre o cidadão, que espera, com legitimidade, ser bem governado, não mal informado.
Em suma, Armindo Jacinto, ao tentar acusar a imprensa de desinformação, acaba por mostrar, mais do que nunca, que a má gestão da câmara não se esgota nos julgamentos, mas também na sua incapacidade de lidar com o escrutínio. É a imprensa que, ao denunciar estas falhas, está a cumprir o seu papel, por mais incómodo que isso seja para os que tentam perpetuar a política do faz de conta.