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Há algo de profundamente comovente na forma como o Partido Socialista, outrora uma máquina de produzir estadistas (ou, pelo menos, pessoas que sabiam fingir ser), se transformou numa espécie de *casting* para figurantes de uma novela da TVI que ninguém pediu. A saída de Sérgio Sousa Pinto, a auto-exclusão de Fernando Medina e o desaparecimento enigmático de João Soares (que, suspeito, está a ser treinado num *dojo* secreto para regressar como *ninja* da política) deixaram o PS vazio de alma. Ficou nas mãos de uma equipa que parece ter sido recrutada à saída de um curso de autoajuda para jovens que confundem Olof Palme com uma nova linha “Palmolive — produtos de higiene íntima”.

Pedro Nuno Santos, o nosso chefe de claque favorito, apresenta agora uma lista de candidatos que, se fossem livros, estariam na secção de “Konsalik” por engano. Maria Begonha, Brilhante Dias, Luís Testa (?) — nomes que soam como personagens secundárias de uma peça de Almeida Garrett reescrita por alguém sob efeito de Valium. Onde estão os herdeiros de Soares, Sampaio, Guterres? Onde está o peso ideológico, a densidade política? Desapareceram, tal como a última reunião ideológica do PS, algures entre um bilhetinho de Costa e uma reunião de ‘focus group’ para decidir qual o filtro do Instagram que melhor disfarça o desespero Socialista.

No entanto, há uma lógica perversa nisto tudo. O PS, ao esvaziar-se de figuras com *história e coluna vertebral, está simplesmente a antecipar o futuro: um partido composto por hologramas de si mesmo, onde os candidatos não precisam de ter ideias, apenas de saber sorrir para as câmaras e evitar tropeçar nos próprios pés durante as campanhas. Edite Estrela, candidata por Lisboa, é o expoente máximo desta nova era — uma figura que, se fosse um autocolante, seria aquela imagem do gato zangado, com a legenda “Eu é que sou a Presidente da Assembleia”. As sondagens já a dão como derrotada mas, no PS, isso é apenas mais um detalhe.

E o que dizer da estratégia de Pedro Nuno Santos, que decidiu culpar o Livre pelo seu próprio fracasso? “A papoila ficou-me com os votos!”, queixa-se, como se Rui Tavares fosse um bandido de filme mudo a roubar-lhe a namorada. É uma jogada genial: em vez de reconhecer que o PS se tornou um partido sem rumo, sem ideias e sem eleitores, culpa-se um partido minúsculo por ser “demasiado apelativo”. Daqui a pouco, vamos ouvi-lo acusar o PAN de lhe ter roubado os “likes” no Facebook.

O que resta, então? Um PS que é uma ludoteca de ambições medíocres, onde os jovens talentos são tão experientes quanto um estagiário no primeiro dia de trabalho. Um partido que trocou a herança de Soares e Zenha por ‘influencers’ de causas duvidosas e vazias. E, no meio do caos, uma pergunta que se impõe: quando é que alguém vai desligar o simulador e admitir que isto já não é um partido, mas sim um ‘Casados ao Primeiro Voto’, à espera de cancelamento?

(Nota final: Se algum dos mencionados se sentir ofendido, relembre-se que, na política, o pior insulto não é ser criticado — é ser ignorado. E, pelo andar da carruagem, o PS está a caminhar a passos largos para esse destino.)

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Joao Vasco Almeida
Joao Vasco Almeida
Jornalista 2554, autor de obras de ficção e humor, radialista, compositor, ‘blogger’,' vlogger' e produtor. Agricultor devido às sobreirinhas.

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