Com a yield das Eurobonds do Tesouro angolano a negociar acima dos 10%, o governo liderado por João Lourenço enfrenta dificuldades em recorrer ao mercado, intensificando a pressão sobre o investimento público.
O economista-chefe do Banco Fomento Angola (BFA) alerta para os desafios decorrentes do aumento das taxas de juro, tornando mais árdua a emissão de dívida pública por Angola.
José Miguel Cerdeira, em declarações à Lusa, salienta que a evolução das taxas de juro exigidas pelos investidores para a compra de dívida pública angolana indica um cenário desafiador, com valores consistentemente acima dos 10%, o que limita as possibilidades de novas emissões de dívida.
Ele menciona que a expectativa de cortes nas taxas de juro por parte da Reserva Federal dos EUA (Fed) inicialmente impulsionou os mercados, mas uma mudança nas perspectivas levou a um aumento das yields, afetando diretamente as emissões de dívida, especialmente as Eurobonds angolanas.
Esta situação coloca pressão adicional sobre o governo de João Lourenço, que tenta evitar recorrer ao mercado devido às taxas desfavoráveis. A ministra das Finanças, Vera Daves, indicou em março que a emissão de novos títulos de dívida dependerá das condições do mercado e da perceção de risco associada a Angola.
Apesar da intenção do governo angolano de realizar emissões de títulos do Tesouro nacional em moeda externa, os desafios colocados pelas taxas de juro elevadas tornam incerto o sucesso dessas iniciativas.