A companhia aérea brasileira Azul, fundada por David Neeleman, antigo acionista da TAP, recorreu a um escritório de advogados em Portugal para negociar o pagamento de uma dívida contraída pela transportadora aérea portuguesa em 2016. A dívida, cujo valor já ultrapassa os 200 milhões de euros, surge num contexto de incerteza face à iminente privatização da TAP.
Em resposta à agência Lusa, a Azul revelou que a dívida foi originada por um empréstimo de 90 milhões de euros concedido à TAP, parte de um total de 120 milhões que incluía também 30 milhões de euros disponibilizados pelo governo português. Este empréstimo visava dar resposta à crise financeira que a companhia aérea portuguesa atravessava à época.
No entanto, com o processo de privatização em curso e o “esvaziamento das garantias” associadas ao empréstimo, a Azul considera necessária a intervenção de um escritório de advocacia local para assegurar que a TAP honre o compromisso ou pague antecipadamente a dívida. A transportadora brasileira sublinha que, apesar de procurar resolver a questão de forma “amigável e comercial”, não exclui a possibilidade de tomar “ações mais duras” caso não se chegue a acordo.
A TAP ainda não emitiu qualquer resposta oficial sobre o caso. O vencimento da dívida está previsto para 2026, mas a pressão aumenta à medida que a Azul busca garantir os seus direitos, num cenário em que a privatização pode complicar a estrutura financeira da transportadora portuguesa.
Esta questão remonta ao período em que o consórcio Gateway, liderado por David Neeleman e Humberto Pedrosa, adquiriu 61% da TAP, após aprovação do Governo português. A privatização e as dificuldades financeiras continuam a ser temas centrais na relação entre as duas companhias aéreas.
O desenlace das negociações poderá ter impactos significativos tanto para a TAP como para o futuro da Azul, que vê na resolução deste impasse uma prioridade estratégica.