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Bancos em guerra por causa dos depósitos

“Nos juros de depósitos há claramente uma guerra entre bancos, uma disputa enorme”, disse Paulo Macedo, mostrando um ‘slide’ com várias ofertas de depósitos de diferentes bancos nos últimos cinco meses e considerando que essa ‘guerra’ não é contada na imprensa.

Bancos em guerra por causa dos depósitos
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O presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) considerou, nesta sexta-feira, na conferência de imprensa semestral, que há “claramente uma guerra entre bancos” pelos depósitos.

“Nos juros de depósitos há claramente uma guerra entre bancos, uma disputa enorme”, disse Paulo Macedo, mostrando um ‘slide’ com várias ofertas de depósitos de diferentes bancos nos últimos cinco meses e considerando que essa “guerra’ não é contada na imprensa.

Sobre os depósitos da CGD, disse que o banco público tem vindo a subir a remuneração. “Relativamente à remuneração que a Caixa está a dar nos seus depósitos entendemos que cada vez há menor desajustamento e houve no passado porque havia grande excesso de liquidez”, afirmou.

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A CGD apresentou lucros de 608 milhões de euros no primeiro semestre, uma subida de 25,2% face a igual período do ano passado.

Os dados divulgados indicam que os depósitos eram de 68,8 mil milhões de euros em junho, menos 5,2% face a dezembro de 2022. Contudo, diz a CGD, que já no mês de junho houve uma “inversão desta tendência”.

Clientes investem em certificados de aforro

Nos primeiros meses do ano, os bancos tiveram importantes saídas de depósitos com os clientes a retirarem dinheiro para investirem em certificados de aforro. Já no início de junho o Governo baixou a remuneração dos certificados de aforro, o que foi alvo de críticas e entendido como uma cedência à pressão da banca, que o executivo recusou.

Hoje, Macedo disse que a CGD encarou os certificados como “instrumentos concorrente” aos depósitos e que coube ao banco fazer “novas ofertas e que não passaram só pelo aumento dos depósitos” para captar a poupança dos clientes.

Os bancos depositam os depósitos que têm em excesso no Banco Central Europeu (BCE), estando atualmente a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de depósito em 3,5%. Esta taxa define os juros que os bancos recebem pelos seus depósitos junto do banco central.

No primeiro semestre, a CGD ganhou 258 milhões de euros com a aplicação de depósitos junto do BCE.

137 milhões para reestruturações

Os resultados hoje divulgados pela CGD indicam ainda que, no primeiro semestre, o banco reservou 137 milhões de euros para custos de reestruturação. Questionado sobre se haverá um novo programa de saídas de pessoal, Macedo disse que “todos os anos há cerca de 400 pessoas que pedem a pré-reforma” e que este ano entende que deve anuir “a isso dentro do interesse da Caixa”, até porque, por outro lado, tem recrutado trabalhadores.

O gestor admitiu que haja também rescisões por mútuo acordo, mas minoritárias.

Sobre a venda do Banco Comercial do Atlântico, o maior de Cabo Verde, disse Macedo que “existem alguns interessados” e que espera a autorização do Governo para continuar com o processo de venda.

Crédito à habitação

Por outro lado, Paulo Macedo referiu que “não há nenhum problema de crédito à habitação transversal na sociedade portuguesa. Há um problema em algumas franjas e que afeta famílias em concreto”.

Segundo o gestor, os problemas estão concentrados, por um lado, em famílias de poucos rendimentos, mas que proporcionalmente são poucas, e, por outro lado, em “algumas da classe média”.

O gestor defendeu medidas que ajudem clientes bancários aflitos, mas considerou que, passado o período atual, o que “resultará será uma redução do endividamento das famílias”, quer pela maior poupança que famílias acumularam quer pela aceleração das amortizações antecipadas (parciais e totais).

Sobre reestruturações de créditos na CGD, Macedo disse que dos 323 mil créditos à habitação existentes no banco público 93 mil poderiam aderir à reestruturação prevista no decreto-lei do Governo, mas afirmou que apenas 1.024 aderiram.

Já quanto a renegociações e reestruturações de crédito por iniciativa da CGD foram 16 mil, pelo que no total a CGD teve 17 mil créditos renegociados, afirmou.

Quanto a créditos à habitação com juros bonificados (ao abrigo do decreto-lei de março), disse Macedo que estes têm “um valor diminuto, mas crescente”, referindo que passaram de 181 clientes com juros bonificados em fevereiro para 1.220 em junho.

No total, entre fevereiro e junho, foram abrangidos pelos juros bonificados 2.480 clientes.
O banco público atribui ainda uma redução de ‘spread’ até 0,5% até dezembro nos clientes que beneficiam os juros bonificados.

Para os próximos meses, Macedo disse esperar que “a bonificação do Estado suba” enquanto o apoio da CGD acabará em dezembro, referindo que o seu prolongamento poria esses clientes em risco de ficarem com os créditos ‘marcados’.

Macedo salientou ainda que, desde começou o ciclo de alta significativa das taxas de juro, “a CGD não tem uma única casa entregue” por a família não conseguir pagar a prestação.

Ainda assim, afirmou que “não vale a pena dizer que é tudo rosas, que não é” e admitiu que há sempre risco de a situação se agravar.

“Há claramente um conjunto de famílias em dificuldades, mas os casos têm sido resolvidos e têm-se encontrado soluções. Se taxas continuarem a subir e se mantiverem de forma prolongada haverá agravamento das situações até agora acomodadas”, afirmou.

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