Passados 33 anos após a queda do muro de Berlim, curiosos visitantes nacionais e turistas mundiais ainda se questionam sobre a antiga fronteira, terra de ninguém de então, que separava a Berlim Oriental, no setor soviético, da Berlim Ocidental, no setor dos Aliados.
Onde era o muro? Qual a largura dos muros de um lado ao outro? Onde estavam as vigas que dificultavam uma fuga em linha reta? E as torres de vigia! E como era a fronteira entre as duas margens, junto ao Rio Espreia e ao Rio Havel e os postos de transbordo e de controlo de passaportes?

Quantos fugitivos foram feridos e presos, quantos terão sido abatidos e quantos conseguiram, com os mais inteligentes planos, atravessar os terrenos que se estendiam ao longo da Alemanha dividida em 1949 e absolutamente separada a partir do 13 de agosto de 1961. Questões e mais questões, uma interminável saga de destinos, de vidas dramaticamente depauperadas para quê?
Passados 33 anos, após o 09.11.1989 e 32 após a reunificação de 03.10.1990 quem quer ainda saber do tema, vai a um museu, a uma exposição, compra montanhas de livros, visiona documentários televisivos a fio que ainda continuarão a ser elaborados porque os temas são infinitos e muitos ainda querem contar sofrimentos, anedotas, vitórias e momentos históricos vividos na própria pele.
Quem foi espiado, preso, caluniado e prejudicado nas formas mais subtis, secretas e tinha uma ata escrita nos megalómanos salões plenos de milhões de ficheiros da STASI, a polícia do Ministério da Defesa de Estado da ex-RDA, não esquecerá nunca a vida torta que foi obrigado a levar. Muitos faleceram, muitos não podem requerer as atas pessoais que em 1989 e 90 foram destruídas.
A caça às bruxas ameaçou começar por parte de alguns cidadãos que nesse periodo reclamaram justiça pelas próprias mãos e assaltaram as instalações sem segurança precavida.
Por fim, tais incursões, foram na generalidade uma gota de água no oceano.
Uns foram a tribunal por ações minimalistas ou ridículas. Outros poucos, foram julgados por crimes coletivos ou por responsabilidades políticas. Cumpriram curtas penas, foram libertados e vivem com pensões de reforma ou ainda trabalham aqui e ali, escrevem livros, fazem discursos sobre os temas que lhes são caros.
Mas continuamos a questionar-nos sobre tudo aquilo, porquê e para quê!
O mundo avançou, desenvolveu-se, piorou…
As opiniões são tantas como os milhões que viveram um país separado que devia sempre ter sido uno, como o entretanto falecido Willy Brandt, ex-chanceler alemão ocidental e secretário-geral do SPD, do Partido Social-Democrata da Alemanha, customava enaltecer:
“Tem que se juntar aquilo que pertence unido“.
Ninguém chora pela pela ex-República Democrática Alemã, do muro dos 100 anos de Erich Honecker, seu então presidente. A República Federal da Alemanha de hoje é a Alemanha Unida que queremos preservar.