Vale a pena conhecer o site da Associação de Autores na Huíla – Angola, explorar as suas diversas secções, projetos e iniciativas: produção de programas de rádio e podcasts em Okuvita RNA, edição da Revista Okuvita Académica, organização e intervenção em conferências e simpósios, orientando frequentes visitas escolares aos seus espaços florestais preservados.
Já anteriormente me referi ao excelente trabalho do mecenas Valdemar Ribeiro, através da sua empresa denominada Água Engarrafada Preciosa, num amplo projeto de divulgação da cultura huiliana. Gostaria agora de sublinhar a importância da base de dados criada com o objectivo de recolher e divulgar obras e trabalhos de escritores de alguma forma ligados à província da Huíla. São mais de 200 livros acessíveis através do título, autor e tema do documento, onde a pesquisa é fácil, com acesso direto ao texto completo, incluíndo possíveis áudios e videos ou outro material acompanhante.
Embora, o objetivo passe, essencialmente, pela divulgação de intelectuais locais, também é possível encontrar pensadores de outros países, de Saramago ou Pessoa a Nietzsche, passando por autores austríacos ou brasileiros, entendo-se que a cultura é global e o conhecimento não tem fronteiras.
Vale a pena mergulhar em obras que, pelo prazer da leitura ou pelas análises cientificas ou académicas apresentadas, nos arrastam em suaves correntes que visitam o passado ou se debruçam sobre o presente, consultando produções de autores tão variados como alunos dos liceus locais, literatos consagrados ou criadores que aspiram divulgar os seus trabalhos.
Para quem apenas deseje surfar na listagem de temas incluídos na base de dados, encontrará preciosidades que vão do romance ao ensaio e da poesia a textos técnicos, passando pela ficção e o teatro, um sem fim de tópicos e assuntos onde, repito, a pesquisa é bastante intuitiva e fluída.
Eu revisitei o Chiange e o Chipindo, onde estive destacado como alferes miliciano nos idos anos de 1974/ 75; maravilhei-me com “poemas serpentários da Serra da Leba” de Lidex Âmago Solitário; repousei nas vizinhanças do deserto do Namibe; banhei-me nas mornas águas atlânticas de Moçâmedes; visitei o museu online no livro “Artesanato da Huíla: Estudo sobre o artesanato nos municípios da Chibia, Quipungo, Lubango, Humpata e Cacula” – palco imensurável de riqueza cultural pelas diversas etnias das suas comunidades – de Pedro Mussunda; deliciei-me com o levantamento de canções locais de Abílio Lupenha; acompanhei as memórias de Jorge Arrimar no “Planalto de Salalé”; conheci a Rola Castanha da Chibia…
Achei muito interessante o estudo romanceado sobre o “tempo demasiado da colonização em Angola”, onde Mwanga Garcia conta a história dos aborrecimentos, penas, preocupações e dores de cabeça que dizem respeito à identidade do jovem Laurentino que durante a sua infância, a palavra “Nzombo” não deixava tranquila à sua mente e ele perguntava se Nzombo era suficiente para lhe identificar, enquanto na verdade, não deveria ser assim. O livro tem o título “Reflexão sobre a Identidade”.
Quem sabe se naquelas arcas encantadas não encontrarei histórias de olongos e zebras, cabras do mato e pequenos veados conhecidos por bambis, que me fascinavam em tempos que já lá vão…
Em 21 de setembro realiza-se o 1.º Encontro de Autores Huilanos, mais uma organização da AAH, agora através da ASA-HUÍLA, onde se juntarão 45 participantes presentes e 10 ausentes, por se encontrarem no exterior da província. Que seja um enorme sucesso!
