“Se conhecem as vítimas, em consciência devem indicá-las ao bispo”, escreveu D. Manuel Linda, respondendo à carta aberta assinada por mais de 400 católicos a pedir explicações pela forma como o bispo do Porto está a gerir os abusos sexuais na diocese. Diz que é para as apoiar, mas a Comissão Independente não entregou a lista com os nomes das vítimas, muitas das quais, foram ignoradas pelos bispos ao longo dos anos.
E não foi por acaso que a Comissão Independente que investigou os abusos sexuais de menores na igreja católica não revelou os nomes. Foi-lhes garantido o anonimato. Agora, a questão é lançada por um grupo de leigos que divulgou uma ‘Carta Aberta ao Bispo do Porto’. Agradece-se a boa vontade de contribuírem, com participação ativa e sinodal, para o necessário apoio às vítimas e para a construção de uma cultura do respeito e da confiança, algo que já faz parte da vida e sensibilidade dos agentes pastorais, mas que pode e deve ser implementado com maior empenho por parte de todos”, pode ler-se na nota da Diocese do Porto.
Na resposta, D. Manuel Linda refere que “as preocupações apresentadas na Carta também são as mesmas do Bispo do Porto: prioridade às vítimas, acompanhá-las e erradicar este dramático fenómeno da vida da Igreja, a par da certeza de que nenhum abusador tem ou terá lugar no seio do clero”.
E como o bispo não sabe o nome das vítimas, D. Manuel Linda apela a que “se os subscritores conhecem as vítimas, em consciência devem indicá-las ao bispo”.
A lista de abusadores entregue pela Comissão Independente relativa à Diocese do Porto continha 12 nomes (dos quais quatro morreram e um já não pertence à diocese). Dos restantes sete padres, três foram suspensos. Diocese ainda não esclareceu, o futuro dos restantes cinco.