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Burla

Ninguém foge dos burlões informáticos

A PSP recebeu mais de 36.000 queixas de burla informática e nas comunicações nos últimos quatro anos, tendo este tipo de crime aumentado 20% em 2022, ano em que se destacou a fraude “Olá pai, olá mãe”. Também as agressões aos agentes das forças de segurança aumentaram. De facto, segundo os sindicatos de polícia, de mil polícias foram agredidos em 2022, prevendo-se que a situação se venha a agravar.

No Dia Europeu da Internet Mais Segura, assinalado terça-feira, a Polícia de Segurança Pública revelou alguns dados sobre a criminalidade 2022 em Portugal que apontam para «um ano violento» em Portugal, designadamente em termos de criminalidade grupal, radicalizações, sinistralidade, incêndios, violência doméstica, furtos e burlas.

No ano passado, a PSP registou 11.200 crimes de burla informática e nas comunicações, mais 20% do que em 2021, quando se tinham verificado 9.349. Os dados, agora, divulgados pela PSP mostram que este crime de burlas praticadas através de meios digitais tem vindo a aumentar desde 2019, quando se verificaram 6.758 queixas, passando para 8.706 em 2020 (mais 29%), “um aumento significativo” que coincide com o primeiro confinamento devido à pandemia de covid-19 e durante o qual a população fez compras através de plataformas digitais.

A PSP adianta que, nos últimos quatro anos, registou 36.013 denúncias de burlas feitas através de meios digitais, frisando que constituem “um fenómeno criminal em crescendo”, avançando que no ano 2022 se destacou a burla “Olá pai, olá mãe”, mensagem escrita maioritariamente enviada através do ‘WhatsApp’, cujo número de ocorrências tem vindo a aumentar.

A polícia explica que, neste tipo de burla, a mensagem é enviada de um número de contacto identificável, apresentando-se como sendo o filho e geralmente é usado como abordagem que o telemóvel do filho avariou, ou que se perdeu, e que o contacto telefónico utilizado será o seu único contacto até reparação ou aquisição de novo equipamento.

A PSP acrescenta que, a partir desta abordagem inicial, o diálogo continua através de mensagens para dar credibilidade à história até chegarem ao propósito pretendido, que é solicitar a transferência ou envio por intermédio de plataforma de uma quantia monetária com a justificação de que se destina ao pagamento da reparação ou aquisição de um novo telemóvel ou pedido de empréstimo para liquidar uma despesa urgente.

Policias agredidos

Apesar de existir uma tendência para a diminuição de alguns tipos de crime mais violentos, os números mostram um aumento da violência contra polícias e militares, o que pode significar, segundo os representantes do setor, numa sensação de impunidade por parte dos gangues e originar um crescente aumento da violência social crescente.

Até agosto, segundo dados da Direção Nacional da PSP, em Portugal foram agredidos 1325 elementos da PSP e da GNR, o que significa que se registou uma média de seis agentes e militares agredidos por dia. No entanto, fontes ligadas aos principais sindicatos das forças policias garantem que “esses números estão desatualizados. Neste momento, devemos ter perto de 2000 agentes agredidos”, afiançam, alertando para o previsível aumento da criminalidade com o aumento do custo de vida.

Burla vai aumentar

Com uma inflação galopante, que cada dia que passa cria mais pobres, a burla  e os crimes vão aumentar muito, alertam responsáveis das forças de segurança, chamando a atenção para a «proliferação» das guerras entre gangues juvenis em locais de diversão noturna de Lisboa, Porto e Algarve, assim como para o crescimento das agressões aos agentes da PSP e GNR.

O próprio ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, durante a apreciação na especialidade da proposta de Orçamento do Estado para 2023 (OE2023), reconheceu que se registou uma ligeira subida da criminalidade geral em 1,3%, mas a criminalidade violenta e grave diminuiu 5,3%.

Todavia, com a inflação galopante, que incide principalmente sobre a população mais pobre, que aumentou, segundo dados da Pordata, 12,5% em 2020 comparativamente a 2019, as forças de segurança garantem que a criminalidade, principalmente nos centros urbanos, vai crescer substancialmente.

Segundo Mário Andrade, presidente do Sindicato dos Profissionais de Polícia (SPP-PSP), além das duas maiores cidades (Lisboa e Porto), a região algarvia é a que tem maior prevalência de criminalidade, com destaque para Albufeira que tem quatro vezes mais criminalidade que Barcelos (o concelho com menor criminalidade entre os 80 concelhos mais populosos). Aliás, é nessas zonas que se tem registado o maior número de agressões aos agentes das forças policiais.

burla atual
Foto DR

Associado à agressão de elementos das forças policiais, está o aumento da criminalidade. Por isso, as nossas fontes defendem que a grande preocupação de momento se prende com o aumento da criminalidade dos gangues juvenis. A Polícia Judiciária (PJ) tem estado a monitorizar pelo menos três dezenas de grupos de jovens de bairros (designados Zonas Urbanas Sensíveis) da zona da grande Lisboa e Porto, com ligações a atividades criminosas. Os conflitos entre estes grupos estão em escalada desde o desconfinamento da pandemia e têm as redes sociais como principal campo de batalha.

«Estes grupos funcionam pela proximidade territorial e pelas redes sociais. Pela internet difundem o seu poder, a sua imagem, as suas façanhas criminais, ostentam os objetos dos roubos ou relatam os seus ataques e as agressões a elementos de bairros inimigos», afiançam as nossas fontes.

Paulo Santos e Mário Andrade garantem que, a PSP, no âmbito das suas competências e «com o profundo conhecimento que possui do terreno e das dinâmicas criminais, ou seja, de eventuais ligações a lutas de gangues e crimes associados a tráfico», saberá reagir e perceber essa eventual associação».

No entanto, apesar de salientar que a realidade nacional é distinta de países com situações mais graves, Paulo Santos lembra que, o problema de gangues associado a controlo de território é algo corrente», defendendo a necessidade de não se descurar «esse combate, por forma a conseguirmos manter Portugal um país seguro».

Já Mário Andrade vai um pouco mais longe e lamenta que a delinquência juvenil não tenha tido uma política sustentada de prevenção e controlo. «Era necessário terem-se tomadas medidas para prevenir a delinquência juvenil, incluindo o impacto das redes sociais nos jovens. Os contratos locais de segurança, que podiam ter um papel importante nesta matéria, não têm pura e simplesmente nenhuma eficácia, não há ligação aos líderes informais, não há criação de mediadores nestes bairros», salienta.

Apesar de inquieto com a situação, Paulo Santos lembra que, «os profissionais das forças de segurança têm demonstrado serem capazes de responder a todos os desafios e contextos complexos», sublinhando que «os resultados positivos são consequência do profissionalismo e espírito de missão dos profissionais e não da capacidade política dos governos, ou da forma de organização ou gestão da Direção da PSP. Tudo passa pelo esforço dos profissionais, quantas vezes sem compensação, com pouco efetivo e sem meios ou sem reconhecimento».

 

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Alfredo Miranda
Alfredo Miranda
Jornalista desde 1978, privilegiando ao longo da sua vida o jornalismo de investigação. Tendo Colaborado em diferentes órgãos de Comunicação Social portugueses e também no jornal cabo-verdiano Voz Di Povo.

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