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Campanha à Grande e à Francesa: Leopoldo Rodrigues Rega Castelo Branco com Milhões em Espectáculos e Fontes Luminosas

Em Castelo Branco, o calor chega mais cedo, e não é o do verão. É o fervilhar das contas públicas que começa já a escaldar os bolsos dos contribuintes. Leopoldo Rodrigues, presidente da Câmara e aspirante a recandidato, decidiu dar início à sua cruzada eleitoral não com ideias, mas com espetáculos, palcos e luzes – muitas luzes. Brilhos de campanha, pagos com o dinheiro de todos.

O pontapé de saída faz-se em Maio, com o Festival Chese em Alcains. Um evento que, segundo fontes locais, custará quase meio milhão de euros. A festa mal começa e já vai alta em números. Mas não ficamos por aqui. Junho traz-nos mais um episódio desta saga de fausto e fanfarra: o festival “Sabores de Perdição”, nome profético para um evento que promete devorar as finanças da autarquia como um gourmet esfomeado num rodízio.

O contrato recentemente assinado com a empresa Un Party, Unipessoal Lda, no valor de 337.020€ com IVA incluído, cobre apenas a contratação de artistas e equipamento técnico. O cartaz musical não fica atrás no estrelato: Xutos & Pontapés, Slow J, Nuno Ribeiro e Pedro Abrunhosa. Todos a caminho da cidade, não para cantar ao amor ou à liberdade, mas a embalar um eleitorado que parece mais sensível ao som das colunas do que ao silêncio das contas mal feitas.

Mas o verdadeiro monumento à gestão criativa de Leopoldo Rodrigues erguer-se-á na Praça da Antiga Devesa, popularmente conhecida por Docas. Uma fonte luminosa com som e luz – uma ode à ostentação – está a caminho com um custo de 740 mil euros. Sim, leu bem. Uma fonte. Com luzinhas e música. Para estar pronta em Junho, mesmo a tempo da campanha. Perdão, da festa. Ou será o contrário?

Tudo somado – artistas, palcos, fontes, festanças e foguetórios – a fatura ronda os 2 milhões de euros. Isto, claro, sem contar com os brindes, as lonas com o rosto sorridente do presidente, os balões e eventuais repastos VIP. Uma gestão autárquica que faz lembrar a velha máxima do “pão e circo”, mas neste caso, com pouco pão e muito circo.

Enquanto isso, nas aldeias do concelho, a realidade é bem menos iluminada. Os eventos locais recebem migalhas. Os grãos de milho que caem da mesa dos banquetes da cidade. Aldeias onde um palco improvisado é feito com tábuas da cooperativa e as festas têm mais alma do que orçamento.

Esta não é apenas uma questão de prioridades, mas de coerência política. Em quatro anos de mandato, Leopoldo Rodrigues demonstrou pouca eficácia na gestão estrutural do concelho. Infraestruturas degradadas, falta de investimento real nas freguesias, ausência de planeamento de longo prazo. Agora, tenta maquilhar a sua inércia com um festival de som e luz. Uma operação cosmética paga com o dinheiro de todos.

Dirão alguns que a cultura e o lazer também são importantes. E são. Mas quando se faz festa com ar de desfile eleitoral, sem pudor nem parcimónia, a música soa a propaganda. E o povo, por mais que dance, sabe quando está a ser usado como figurante num palco que não é seu.

O espetáculo vai continuar até Setembro ou Outubro à data das eleições autárquicas. Bilhetes pagos pelo erário público. A dúvida que resta: no fim da função, haverá aplausos ou vaias?

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Fernando Jesus Pires
Fernando Jesus Pireshttps://oregioes.pt/fotojornalista-fernando-pires-jesus/
Jornalista há 35 anos, trabalhou como enviado especial em Macau, República Popular da China, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coréia do Sul e Paralelo 38, Espanha, Andorra, França, Marrocos, Argélia, Sahara e Mauritânia.

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