José Luís Carneiro, único candidato à liderança do PS, comprometeu-se este sábado, em Lisboa, a promover a estabilidade política nacional mediante uma “solução de unidade na diversidade”, apelando à Aliança Democrática (AD) para dar o primeiro passo no diálogo interpartidário
À saída da Comissão Nacional do Partido Socialista, que decorreu este sábado na capital, José Luís Carneiro sublinhou o compromisso do PS em contribuir para a estabilidade política do país. “Compreendemos bem a mensagem que nos foi endereçada, e o Partido Socialista, naquilo que de si depender, tudo fará para contribuir para a estabilidade política do país”, afirmou o candidato.
Carneiro destacou que, embora o PS esteja disponível para o diálogo, cabe à AD, enquanto força mais votada, tomar a iniciativa. “Naturalmente, compete ao Governo, à AD, maioritariamente votada, dar o primeiro passo para que esse diálogo se possa encetar”, disse.
Internamente, o candidato comprometeu-se a construir uma “solução de unidade na diversidade”, reconhecendo as diferentes sensibilidades no partido. “Há diferentes sensibilidades, formas de pensar diversas sobre o mundo, sobre as opções de política dentro do PS”, afirmou, garantindo que todos os militantes terão espaço nas estruturas do partido.
A Comissão Nacional do PS aprovou, com 201 votos a favor e cinco contra, a realização de eleições diretas para escolher o novo secretário-geral nos dias 27 e 28 de junho. A data limite para apresentação de candidaturas é 12 de junho, sendo José Luís Carneiro, até ao momento, o único candidato declarado.
Carneiro também expressou a sua intenção de liderar uma oposição “firme e responsável”, rejeitando qualquer tentativa de subversão constitucional. “O PS será oposição responsável, séria e firme”, assegurou, comprometendo-se a não ser parceiro “para nenhuma operação de subversão da Constituição”.
A sucessão de Pedro Nuno Santos ocorre após a derrota do PS nas legislativas de março, que levou à sua demissão da liderança do partido. Carlos César assumiu interinamente a liderança, propondo o calendário eleitoral agora aprovado.
Com a liderança do PS em transição, José Luís Carneiro posiciona-se como o rosto da unidade interna e da estabilidade política, aguardando agora a resposta da AD para iniciar um diálogo que defina os contornos da próxima legislatura.
Miguel Prata Roque “guarda-se” para a próxima
Miguel Prata Roque, jurista e professor universitário, tem-se destacado como uma voz crítica no Partido Socialista (PS), defendendo uma renovação profunda das práticas políticas do partido. A sua candidatura à liderança da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS, em janeiro de 2025, foi marcada por um discurso frontal contra o que considera serem os “vícios” que corroem a essência do partido. Esteve prestes a candidatar-se nestas eleições directas contra José Luís Carneiro mas, sabe O REGIÕES, ambos chegaram a um entendimento sobre algumas alterações que Roque desejava ver na moção de Carneiro e, assim, decidiu não avançar.
Nascido em Lisboa a 7 de janeiro de 1978, Prata Roque é licenciado, mestre e doutor em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde é professor auxiliar desde 2014. A sua carreira política inclui cargos como assessor do Vice-Presidente do Parlamento Europeu (2004-2005), adjunto do Ministro dos Assuntos Parlamentares (2005-2007), membro da Comissão Nacional de Eleições (2006-2007), assessor do Gabinete de Juízes do Tribunal Constitucional (2007-2014) e secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros no XXI Governo Constitucional (2015-2017).
Na sua candidatura à FAUL, Prata Roque criticou duramente a falta de coragem para colocar os interesses do país acima dos interesses pessoais e a perpetuação de dirigentes nos cargos sem experiência fora da política. Defendeu que o PS deve abrir-se a novas ideias e formas de comunicar, regressando à “pureza da intervenção cívica descomprometida”.
Apesar de ter sido o primeiro a avançar para a corrida à liderança da FAUL, Prata Roque obteve 29 por cento dos votos, sendo derrotado pela eurodeputada Carla Tavares, que conquistou 71 por cento. Ainda assim, o jurista mostrou-se disponível para continuar a contribuir para o PS, defendendo uma carta de estratégia autárquica que vincule os candidatos em áreas como habitação e segurança.
Comentador na SIC Notícias, Prata Roque tem-se pronunciado sobre casos judiciais envolvendo figuras políticas, incluindo o “Caso Spinumviva” e a “Operação Marquês”. As suas declarações sobre a ausência de provas concretas de corrupção contra José Sócrates geraram controvérsia, levando a empresa envolvida a anunciar um processo por difamação contra o jurista.
Com uma carreira marcada pela defesa de uma política mais ética e transparente, Miguel Prata Roque continua a ser uma figura influente no debate interno do PS, promovendo uma reflexão sobre o futuro do partido e a necessidade de renovação das suas práticas.