Senhor Presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues,
Dirijo-me a si nesta carta aberta como cidadão e jornalista, mas acima de tudo como albicastrense preocupado com o rumo da nossa cidade. Apesar de partilharmos raízes e a mesma data de nascimento, 1963, as nossas histórias traçaram caminhos bem diferentes. Enquanto eu crescia entre o fascínio pelo jornalismo e um interesse precoce pela política, o senhor, ao que parece, preferia a discrição. Talvez até um excesso dela.
O seu percurso não me é estranho. Diretor do Gazeta de Castelo Branco, não por mérito jornalístico, mas como um trampolim político. Conheço bem a diferença entre liderar uma redação e simplesmente ocupar a cadeira mais alta de um jornal para servir outros interesses. No jornalismo, é preciso sujar as mãos no teclado, sentir o peso da verdade e respeitar o direito de informar. Quanto ao seu papel nessa função, direi apenas que foi mais de pose do que de conteúdo.
Depois disso, acumulou uns tantos cargos públicos: Presidente da Junta de Freguesia de Castelo Branco a meio tempo, diretor do IEFP, dirigente da ANAFRE, deputado municipal pelo Partido Socialista e, finalmente, Presidente da Câmara. Um currículo recheado, mas, convenhamos, pouco robusto em termos de realização concreta. E é exatamente esse o ponto: em tantos anos de vida pública, o que construiu que valha a pena mencionar? Porque a cidade que vemos à nossa volta não é o reflexo de um trabalho notável, mas de uma liderança apática e preocupantemente ineficaz.
A Inércia no Comando
Desde a sua eleição em 2021, a população esperava mudança. Esperava visão, dinamismo, um plano para revitalizar Castelo Branco. E o que recebeu? Um presidente mais preocupado em encenar anúncios do que em trabalhar. Posar para a fotografia tem sido, ao que parece, a sua maior prioridade. E enquanto posa, a cidade estagna.
Os albicastrenses não querem um figurante com gravata. Querem um líder. Querem um presidente que lute por investimentos, que incentive o comércio local, que melhore a mobilidade urbana, que invista em educação e saúde. Em suma, que tenha um plano sólido para o futuro. Até agora, a sua estratégia tem sido um marasmo de promessas vagas e iniciativas inconsequentes, sem resultados palpáveis.
O que se Vê (ou Não se Vê)
Não é só a falta de ação que desilude, mas também a falta de respeito. Respeito para com aqueles que acreditaram em si e depositaram o seu voto na esperança de um novo rumo. Em vez disso, encontram uma liderança que parece mais interessada em manter as aparências do que em resolver problemas reais.
Os problemas não faltam: desemprego, falta de infraestruturas, o envelhecimento da população e a fuga dos jovens para outras regiões ou países. Onde estão as soluções? Onde está o plano estratégico? O que se vê são apenas proclamações vazias, seguidas de um silêncio ensurdecedor.
Um Presidente para o Futuro, Não para a Fotografia
Senhor Presidente, a nossa cidade não precisa de um presidente de pose, mas de um verdadeiro líder. Alguém com visão, coragem e vontade de transformar Castelo Branco numa cidade vibrante, inovadora e atrativa. Isso exige esforço, dedicação e, acima de tudo, trabalho. O seu mandato está a passar-lhe pelas mãos, e a cada dia que passa, torna-se mais evidente que já não vai a tempo de deixar uma marca positiva.
Termino esta crónica com um apelo: acorde. Olhe para a cidade com os olhos de quem ama esta terra e não como quem a usa para fins políticos. Ainda pode mudar o rumo. Mas, para isso, precisa de fazer mais do que anunciar; precisa de agir. E se não o fizer, que ao menos tenha a humildade de reconhecer que não está à altura do cargo que ocupa.
Com os melhores cumprimentos,
Um cidadão e jornalista que não desiste de pensar, escrever e criticar.