Castelo Branco, terra de história, cultura e um inegável potencial, é vítima crónica de anúncios bombásticos que se desvanecem antes mesmo de encontrar eco na realidade. À frente deste espetáculo de ilusões está o excelentíssimo Presidente da Câmara, Leopoldo Rodrigues, cujo mandato tem sido marcado por uma retórica digna de uma ópera espacial — repleta de “fontes e sonhos”, mas terrivelmente desprovida de substância.
Pegue-se, por exemplo, no emblemático edifício da antiga Polícia de Segurança Pública, plantado no coração da cidade, junto à Câmara. Este espaço, com o tribunal próximo e o vultuoso edifício outrora pertencente à Caixa Geral de Depósitos a uma distância de um salto, poderia ter sido o epicentro de uma reorganização urbana exemplar. Imagine-se: um complexo centralizado que albergasse a Câmara, os tribunais, serviços de águas, eletricidade e finanças, tudo a um passo de distância. Uma utopia de eficiência administrativa, poupando aos cidadãos o tormento de peregrinar pela cidade para resolver burocracias nos parcos horários disponíveis. Mas não, em vez disso, temos dispersão, stress e a sensação de que o tempo dos albicastrenses vale menos que o ouro.
E o que dizer do terreno baldio em frente à Rotunda da Europa, espaço onde a modernidade chega uma vez por ano sob a forma de um circo itinerante? Que tal um hotel com uma área verde adjacente, transformando um vazio em algo que contribua para a economia local e a qualidade de vida dos habitantes? Uma ideia simples, mas aparentemente demasiado ambiciosa para um executivo que prefere alimentar delírios de grandeza em vez de concretizar pequenos gestos de progresso.
As decisões, ou melhor, a falta delas, apontam para um problema mais profundo: a ausência de uma visão prática. Em vez de se debruçar sobre questões reais que impactam diretamente a população, o senhor Presidente escolhe o caminho da levitação cósmica, lançando promessas que orbitam algures entre a Terra e uma dimensão paralela. Enquanto isso, a cidade espera, paciente mas cada vez mais cética, pela chegada de algo que vá além de um mero anúncio.
Os albicastrenses merecem mais. Merecem ações e não chavões, obras e não maquetes de ideias irrealizáveis. Porque o potencial de Castelo Branco é real. O problema é que a concretização, essa, parece uma estrela distante, que brilha no horizonte mas nunca pousa no chão onde as pessoas vivem, trabalham e sonham.
