A cidade de Castelo Branco em 2025 parece uma caricatura de si mesma, uma terra onde o presente é, na melhor das hipóteses, uma recordação desbotada do que um dia poderia ter sido. O que se vê hoje, a olhos desatentos ou apressados, são cartazes espalhados pelos outdoors, com anúncios de eventos que pertencem a um passado distante – o “Natal Branco de 2018” ou o “Mercadinho da Páscoa de 2022”, como se a cidade se recusasse a virar a página e a abandonar um tempo que já passou, um tempo em que as promessas eram mais do que simples palavras escritas em papel
Quem chega de fora, seja turista ou residente ocasional, não pode deixar de reparar na falta de ação e na ausência de qualquer sinal de evolução. Em cada rua, o tempo parece ter estagnado, e a incompetência do atual executivo, visível em cada esquina, é como uma marca indelével que não se pode apagar. A impressão que fica é que a cidade está à deriva, com uma gestão que se limita a encher o espaço público com anúncios de eventos passados e com um arremedo de progresso que mais parece um espetáculo de fachada.
Esta obsessão com o passado, misturada com uma gestão desleixada e desconectada da realidade, deixa claro que quem está à frente dos destinos de Castelo Branco tem, no melhor dos casos, uma visão turva sobre o que realmente importa. Em 2025, é impossível não perceber que a cidade está a ser gerida com um total desprezo pela inovação, pelo desenvolvimento e, acima de tudo, pela honestidade com os seus cidadãos.
A cidade, que deveria estar a dar os primeiros passos rumo ao progresso, vive num eterno presente, como se o conceito de “inovação” fosse uma palavra proibida nos gabinetes municipais. Não há projetos novos, não há criatividade, não há nada que realmente mostre que há um plano para levar Castelo Branco a um futuro mais promissor.
A famosa fonte futurista, anunciada como o grande símbolo da modernidade da cidade, mais parece um elefante branco. Ao invés de ser um ícone de inovação e modernidade, é um mero banheirinho público para os pés dos imigrantes, que, em dias de calor intenso, podem molhá-los enquanto se distraem com o som e as luzes que, aparentemente, são a grande proposta de entretenimento da cidade. A fonte, mais do que um marco arquitetónico, parece uma paródia daquilo que deveria ser um espaço emblemático, como se o maior triunfo da administração local fosse mostrar que, pelo menos, há água e luz.
Porém, a grande imagem que Castelo Branco transmite é a de um lugar onde o tempo parou. Os velhos cartazes, que resistem nas paredes como espectros de eventos passados, são os únicos vestígios de alguma vitalidade na cidade. Contudo, não se trata de um esforço para preservar memórias culturais, mas sim da prova do desleixo e da falta de visão. Cartazes antigos que, em vez de ser removidos para dar lugar a algo novo, permanecem como um lembrete do que já foi, enquanto o presente se afunda no cinzentismo.
No fundo, o que temos é um município que se afunda num círculo vicioso de caciquismo e falta de ambição. Quem está à frente da cidade parece mais preocupado em manter as rédeas do poder do que em dar à cidade o impulso necessário para que se torne um lugar mais dinâmico e moderno. E assim, enquanto outras cidades avançam, Castelo Branco vai ficando para trás, cada vez mais adormecida no conforto da sua inércia.
E quando se fala em obras, a situação é ainda mais grotesca. Em vez de se apostar em iniciativas transformadoras, a câmara parece mais preocupada em dar a ilusão de que está a fazer algo. Obras que deveriam ser parte do quotidiano da gestão municipal, como a manutenção das infraestruturas, são apresentadas como grandes feitos, meras justificações para um trabalho que, afinal, não é mais do que a obrigação de quem ocupa o cargo. O que parece ser um esforço para enganar a população num ano eleitoral torna-se uma palhaçada, uma encenação em que todos sabem qual é o final, mas ninguém se atreve a dizer a verdade: não há inovação, não há renovação. Há, isso sim, uma gestão que, tal como os cartazes, parece viver do passado, e não do presente.
O que se exige de quem está à frente dos destinos de Castelo Branco é mais do que a simples continuidade de velhos projetos; exige-se coragem para olhar em frente, para planear o futuro da cidade, para dar a todos os seus habitantes o que merecem: uma cidade viva, dinâmica e com a capacidade de olhar para o amanhã. Mas, infelizmente, o que vemos é um Carnaval sem fim, onde a piada já se tornou amarga e a população começa a perceber que, por muito que o tempo passe, as coisas parecem nunca mudar. E quando as mudanças começam, parecem mais uma tentativa de iludir quem, por muito tempo, se manteve calado.
Em 2025, a cidade pede um novo enredo. E este, ao que parece, ainda não chegou.