Domingo,Outubro 13, 2024
17.5 C
Castelo Branco

- Publicidade -

Castelo Branco perde projecto de 15 milhões por culpa de Leopoldo Rodrigues

É uma pena, mas é uma realidade. O município de Castelo Branco tem perdido ao longo dos últimos dez anos, protagonismo, e, agora, com a anulação do projeto para o Aproveitamento Hidroagrícola da Gardunha Sul – Bloco da Marateca, mais ”deserto” vai ficar o concelho. A aprovação deste projeto iria permitir o alavancar de toda uma região que se pretende seja mais competitiva e equilibrada, com todo o território nacional.

O pensar pequeno do actual executivo autárquico tem tornado o concelho de Castelo Branco numa sombra do que já foi. Por isso, não é de admirar que presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues, se tenha congratulado com a decisão do IFAP, I.P. (comissão de gestão do Programa Nacional de Regadios), de anular a aprovação da candidatura relacionada com o projeto para o Aproveitamento Hidroagrícola da Gardunha Sul – Bloco da Marateca.

Técnicos do IFAP, contactados pelo OREGIÕES, defendem (apesar desse não ser o entendimento de Leopoldo Rodrigues) a concretização urgente do regadio a sul da Gardunha, como forma de apoiar a produção nacional e sobretudo os agricultores familiares, revelando que, neste projeto, está salvaguardada a água para o consumo humano e optimizado o uso da água, o que torna imprescindível a concretização da barragem do Barbaído de forma a salvaguardar a utilização da barragem de Santa Águeda para fornecimento de água para consumo humano.

Mas esse, pelo vistos, não é o entendimento de Leopoldo Rodrigues que, ao que nos afirmam elementos do IFAP, ”tudo fez para boicotar o projecto”, tendo pedido a anulação do projecto de regadio, que já tinha a aprovação da ministra da Agricultura do anterior Governo, Maria do Céu Antunes.

- Publicidade -

A Associação Distrital dos Agricultores de Castelo Branco já lamentou a anulação do projeto, alegando que há muito tempo que os agricultores “reivindicam a urgência de investimentos públicos que permitam regar os campos nos concelhos do Fundão, mais concretamente nas freguesias de Vale Prazeres, Orca, Castelo Novo e Soalheira e em Castelo Branco, nas freguesias de Lardosa, Alcains e Castelo Branco”, afirmando que é “assustadora a forma como a autarquia de Castelo Branco se desvincula de um projeto no valor de 15 milhões de euros”.

Para a associação “é consensual que a agricultura precisa urgentemente de investimentos que permitam regar as culturas sem nunca colocar em causa o abastecimento de água às populações” e que estes investimentos “não podem continuar a ser adiados e é necessário adotar as questões técnicas e financeiras necessárias para a sua concretização garantindo assim o desenvolvimento social e da atividade produtiva”.

Agricultores e partidos da oposição lamentam as pressões exercidas por Leopoldo Rodrigues para anular este projecto que, inclusivamente, já tinha financiamento garantido, lembrando que na campanha eleitoral para as autarquias Leopoldo Rodrigues foi um acérrimo defensor do regadio e da construção da Barbaído. Não entendendo esta mudança de posição do autarca albicastrense.

A região precisa de projetos estruturantes e este era um deles, afirmam agricultores e os vereadores da oposição, sublinhando que não faz sentido, em 2024, lançar ”fantasmas do passado de falta de água”, como tem feito Leopoldo Rodrigues nos últimos tampos.

Castelo Branco precisa de políticos visionários para recuperar o protagonismo que já teve, afiançam, garantindo que ”não podemos estar a mercê de politicos como Leopoldo Rodrigues que se regozijam com a decisão do IFAP de anular este projecto, que foi defendido por Leopoldo Rodrigues durante a campanha eleitoral para as autárquicas de 2021.

Agora, mais uma vez, Leopoldo Rodrigues dá o dito por não dito e afirma, em comunicado, que “desde a sua entrada em funções, o atual executivo municipal assumiu a posição de que o projeto existente para o Aproveitamento Hidroagrícola da Gardunha Sul – Bloco da Marateca, tal como está formulado e nas presentes condições, não poderia ser executado. Nomeadamente, sem a prévia garantia da entrada em funcionamento da Barragem do Barbaído não poderia criar-se um regadio, alimentado pela Barragem de Santa Águeda/Marateca, com as características do projeto que tinha sido aprovado”. Situação que, segundo a antiga ministra da Agricultura e o próprio IFAP, estava acautelada.

Mas, agora, a autarquia, sempre em comunicado, dá ”a volta ao prego” e considera que “sempre foi do entendimento do atual executivo municipal que os estudos oficiais que serviram de base a este projeto não ofereciam garantias suficientes de que o abastecimento futuro de água para consumo dos Albicastrenses, assim como dos Idanhenses e dos Rodenses, não seria posto em causa”.

OREGIÕES tentou contactar com Leopoldo Rodrigues, via e-mail e telefone, mas, pelos vistos, até ao momento, o edil ”não arranjou um minuto para dar uma resposta aos nossos constantes pedidos. Apenas pretendíamos confrontar Leopoldo Rodrigues sobre a construção ou não da barragem do Barbaído e sob o projecto de regadio, cujo financiamento estava garantido pelo anterior Governo de António Costa, que garantia um investimento de 15 milhões de euros para os custos de implementação deste projeto”. Recorde-se que, em outubro de 2022, a então ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, disse que a construção deste regadio, que se encontrava em avaliação de condicionantes, iria mesmo avante, dado os benefícios económicos e sociais para a região.

Ao contrário do que tem vindo a afirmar e do que agora quer fazer transparecer, o IFAP apenas anulou a candidatura porque o Município assim o quis. Leopoldo Rodrigues tomou formalmente essa posição. Todavia, não foi isso que nas últimas semanas o presidente da Câmara disse aos albicastrenses.

Não perca esta e outras novidades! Subscreva a nossa newsletter e receba as notícias mais importantes da semana, nacionais e internacionais, diretamente no seu email. Fique sempre informado!

Partilhe nas redes sociais:
Alfredo Miranda
Alfredo Miranda
Jornalista desde 1978, privilegiando ao longo da sua vida o jornalismo de investigação. Tendo Colaborado em diferentes órgãos de Comunicação Social portugueses e também no jornal cabo-verdiano Voz Di Povo.

Destaques

- Publicidade -

Artigos do autor