O músico e escritor brasileiro Chico Buarque de Holanda recebeu esta segunda-feira o Prémio Camões 2019 na presença de Lula da Silva. A cerimónia só acontece quatro anos depois porque o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, recusou-se a assinar o diploma. “Este prémio é uma resposta à censura”, afirmou Lula da Silva.
Finalmente, quatro anos depois de ter sido distinguido, o prémio foi oficialmente entregue numa cerimónia no Palácio de Queluz, que simbolizou o regresso aos valores democráticos no Brasil.
“Este prémio é uma resposta à censura. Finalmente a democracia venceu no Brasil”, disse o atual presidente brasileiro, Lula da Silva.
A cerimónia no Palácio Nacional de Queluz, no concelho de Sintra, foi integrada na visita oficial a Portugal do Presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que começou na sexta-feira, dia 21, e decorre até terça-feira, dia 25, e foi presidida pelos chefes de Estado do Brasil e de Portugal. O prémio Camões, o mais prestigiado prémio literário da Lusofonia, tem também um valor pecuniário de 100 mil euros.
Chico Buarque foi galardoado com o Prémio Camões em 2019, mas a cerimónia de entrega nunca se realizou depois de ter feito várias críticas às políticas culturais do anterior Presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que na altura se recusou a assinar o diploma, cuja entrega formal estava prevista para abril de 2020.
O autor de “Estorvo” e “Leite Derramado” é um apoiante do Partido dos Trabalhadores (PT), defensor de Luiz Inácio Lula da Silva, que foi novamente eleito em outubro do ano passado. Chico Buarque foi também um crítico do governo de Jair Bolsonaro, o que também motivou o ex-presidente do Brasil a desprezar o prémio atribuído ao músico brasileiro.
Entretanto, a pandemia de covid-19 obrigou ao adiamento da cerimónia de entrega do prémio, que foi agora remarcada, coincidindo com as celebrações do 25 de Abril e com a visita de Estado, de cinco dias, de Lula da Silva a Portugal.
Sobre a entrega do Prémio Camões de 2019 que agora se concretiza em Portugal, a ministra brasileira da Cultura, Margareth Menezes, considerou que simboliza o regresso aos valores democráticos no Brasil, lembrando que Chico Buarque é “um artista que sempre se envolveu e se colocou na luta a favor da democracia” e contra a ditadura, através das suas obras.
Também a editora Clara Capitão, do grupo Penguim Random House Portugal, que edita a obra de Chico Buarque, na chancela Companhia das Letras, destacou que a entrega do prémio ao escritor e músico brasileiro, “depois de anos de espera, significa que o Brasil voltou a viver um tempo de democracia e esperança”.
Nos termos do Regulamento, Portugal e o Brasil organizam de forma alternada as reuniões e as cerimónias de entrega deste galardão.
Chico Buarque voltará em breve a Portugal para vários concertos no Porto e em Lisboa. No Porto é já nos próximos dias 26 e 27 de Maio, no Pavilhão Arena/Super Bock. Em Lisboa serão nos dias 1, 2 e 3, no Campo Pequeno.