Investigação liderada pela Universidade de Cambridge deteta compostos associados a organismos vivos na Terra
Astrónomos anunciaram a descoberta de possíveis sinais químicos de vida num planeta fora do nosso sistema solar, representando aquele que poderá ser o indício mais forte até hoje encontrado. A investigação, conduzida por cientistas da Universidade de Cambridge, identificou compostos na atmosfera do exoplaneta K2-18b que, na Terra, são produzidos quase exclusivamente por organismos vivos.
Apesar do entusiasmo, os cientistas sublinham que é necessária mais investigação para confirmar a natureza destas descobertas. “É o indício mais forte até à data de qualquer possibilidade de atividade biológica fora do sistema solar”, afirmou o astrofísico Nikku Madhusudhan, durante uma transmissão em direto esta quinta-feira.

A equipa analisou dados recolhidos pela NASA e pelo Telescópio Espacial James Webb, da Agência Espacial Europeia, e detetou vestígios de sulfureto de dimetilo e dissulfureto de dimetilo — compostos que, na Terra, são produzidos principalmente por fitoplâncton marinho.
O planeta K2-18b, que tem mais do dobro do tamanho da Terra e é mais de oito vezes mais denso, encontra-se na chamada zona habitável da sua estrela, onde as condições podem permitir a existência de água líquida — um requisito fundamental para a vida como a conhecemos. Localizado a cerca de 124 anos-luz de distância, na constelação de Leão, o planeta continua a intrigar a comunidade científica.
David Clements, astrofísico do Imperial College de Londres, considerou os resultados “realmente interessantes”, mas salientou que “as atmosferas de outros planetas são complexas e difíceis de compreender, especialmente com a limitada informação disponível”. Para Clements, embora as deteções ainda não sejam conclusivas, representam “um passo na direção certa”.
Atualmente, mais de 5.500 exoplanetas foram confirmados a orbitar outras estrelas, e milhares de outros aguardam confirmação, entre os milhares de milhões que se estima existirem apenas na Via Láctea.
O Telescópio Espacial James Webb, lançado em 2021, continua a expandir as fronteiras da astronomia, abrindo novas possibilidades na busca por vida além da Terra.