O Conselho de Redação (CR) do Correio da Manhã e da CMTV renunciou, de forma coletiva, aos cargos que ocupava desde novembro de 2023. A decisão foi tomada após uma avaliação do desinteresse demonstrado pelos jornalistas nas questões relacionadas com o trabalho do Conselho. Em comunicado, o CR explica que, ao longo de 17 meses, apenas recebeu duas interpelações formais de jornalistas do grupo, ambas sobre temas fora das suas competências, o que reforçou a ideia de que não havia motivação para um maior envolvimento nas questões da redação.
A decisão de renúncia foi anunciada no final de março de 2025, com os membros do Conselho de Redação a lamentarem profundamente o desinteresse da redação nos assuntos que diziam respeito tanto ao coletivo como ao trabalho individual dos jornalistas. A comunicação interna e os problemas estruturais da redação foram, até então, abordados com o diretor do Correio da Manhã e da CMTV, Carlos Rodrigues, em mais de duas dezenas de reuniões. Apesar disso, os membros eleitos sentiram que não houve uma resposta positiva por parte da equipa editorial.
“Ao longo de cinco meses, a nossa permanência no Conselho foi mantida com a esperança de que a redação se mobilizasse. Contudo, a falta de interação por parte dos jornalistas e a ausência de um movimento coletivo de organização dentro da redação tornaram esta renúncia inevitável”, refere o CR no comunicado.
O órgão sublinha que, em 17 meses de trabalho, se reuniu frequentemente com o diretor e apresentou propostas e preocupações sobre assuntos cruciais para o funcionamento da redação, como a correção de erros e incorreções nas informações divulgadas, o processo de avaliação do trabalho dos jornalistas e o reforço da qualidade nas equipas editoriais. No entanto, estas iniciativas não receberam a devida atenção por parte dos colegas de profissão.
Embora os membros renunciantes tenham expressado agradecimentos ao diretor Carlos Rodrigues pela disponibilidade demonstrada, lamentaram a falta de uma ação conjunta entre os jornalistas, considerando-a fundamental para a efetividade do Conselho de Redação. Esperam agora que o grupo de jornalistas procure, o quanto antes, organizar-se para a eleição de um novo Conselho de Redação, ao qual possam dedicar a confiança necessária para levar a cabo os objetivos da redação.
Durante o período em que estiveram em funções, os membros do CR disponibilizaram-se para dar pareceres ao diretor, apoiar a definição das linhas editoriais e atuar nas questões disciplinares, incluindo sanções e despedimentos, sempre que necessário. A colaboração foi realizada com base em informações disponibilizadas pelo próprio Conselho, que comunicava regularmente aos jornalistas através de e-mails e comunicados afixados na redação.
Este episódio evidencia uma crescente desconexão entre a gestão editorial e os profissionais de redação, uma situação que poderá ter implicações no futuro da dinâmica jornalística no grupo Correio da Manhã e CMTV.