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Contaminação por Glifosato na Bio-Região de Idanha-a-Nova: Câmara Confrontada com Falhas em Análises e Comunicação

A Plataforma Transgénicos Fora (PTF) dirigiu uma carta aberta ao Presidente da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, Armindo Jacinto, contestando a conclusão apresentada pela autarquia sobre a ausência de glifosato nas águas do concelho. Esta reação da PTF surge em resposta ao comunicado oficial da Câmara, que, após realizar análises laboratoriais, afirmou que “não há concentração de glifosato em Idanha”, refutando assim um estudo europeu que identificava níveis elevados do herbicida nas águas superficiais da região.

O estudo referido, conduzido pela PAN-Europe em parceria com o Grupo dos Verdes do Parlamento Europeu, apontou uma concentração de 3 microgramas de glifosato por litro de água numa amostra recolhida junto de amendoais em agricultura convencional em Idanha-a-Nova. Este valor é 30 vezes superior ao limite legal permitido para o consumo humano, levantando sérias preocupações quanto à possível contaminação das águas superficiais.

A PTF criticou veementemente a comparação das análises encomendadas pela Câmara, realizadas em águas da rede pública e subterrâneas, com o estudo europeu, focado em águas superficiais, que são mais suscetíveis à poluição por herbicidas. De acordo com a organização, as águas subterrâneas, como as examinadas pelo Centro Tecnológico das Indústrias do Couro (CTIC), estão naturalmente mais protegidas deste tipo de contaminação, tornando a comparação inválida.

Adicionalmente, a PTF denunciou falhas graves na comunicação da autarquia, nomeadamente uma correção não divulgada nos resultados das análises. Inicialmente, o site municipal indicava uma concentração de 0,03 mg/l de glifosato, um valor que foi posteriormente ajustado para um nível mil vezes inferior, sem que a mudança fosse comunicada ao público. Além disso, a PTF lamenta que a prometida monitorização contínua das águas superficiais nunca tenha sido implementada pela Câmara.

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A questão do glifosato tem suscitado um crescente debate público, e a PTF recorda que, em 2015, a International Agency for Research on Cancer (IARC) classificou o herbicida como “provavelmente cancerígeno” para humanos e comprovadamente cancerígeno para animais. Mais recentemente, em 2021, o Instituto Nacional Francês de Saúde e Pesquisa Médica (INSERM) reforçou esta preocupação, destacando os impactos graves do glifosato na saúde humana, associando-o a várias doenças crónicas, com base em estudos epidemiológicos e ensaios toxicológicos.

A PTF acusa ainda o Presidente da Câmara de desviar a atenção dos problemas ambientais, tentando “denegrir” o trabalho da organização com alegações de danos à imagem de Idanha-a-Nova. A organização apela à Câmara para que publique de forma transparente os resultados das análises, bem como as credenciais dos laboratórios envolvidos, e para que finalmente implemente a monitorização das águas superficiais, garantindo assim uma gestão ambientalmente sustentável dos recursos hídricos na Bio-Região de Idanha-a-Nova.

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