O Serviço Nacional de Saúde (SNS) enfrenta uma das maiores crises nas urgências hospitalares, com o encerramento de sete serviços de Ginecologia e Obstetrícia e um de Pediatria nesta quarta-feira. A situação, que já se vinha agravando, coloca em evidência a pressão insustentável sobre os profissionais de saúde e a fragilidade das infraestruturas hospitalares, sobretudo na região de Lisboa e Vale do Tejo
De acordo com a informação divulgada hoje no Portal do SNS pelas 09:00, encontraram-se fechadas cinco urgências de Ginecologia e Obstetrícia na região de Lisboa e Vale do Tejo. Os hospitais afetados incluem o Hospital de São Bernardo, em Setúbal, o Hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, o Hospital Garcia de Orta, em Almada, o Hospital São Francisco Xavier e o Hospital Santa Maria (Obstetrícia), ambos em Lisboa.
O Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa, foi a mais recente adição à lista de serviços encerrados, somando-se às urgências já fechadas em outras regiões do país, como o Hospital de Santo André, em Leiria, e o Hospital de Portimão, no Algarve.
Além disso, o Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) mantém o serviço de urgência de Ginecologia e Obstetrícia parcialmente referenciado, atendendo apenas urgências internas e casos referenciados pelo Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) e pela linha SNS 24 durante os períodos mais críticos, das 00:00 às 08:00 e das 20:00 às 24:00.
A situação não é menos preocupante no setor da Pediatria, com o encerramento da urgência no Hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro. Os hospitais de Viseu e Amadora-Sintra também apresentam restrições temporárias nos seus serviços de urgência pediátrica.
A crise nas Urgências poderá agravar-se nos próximos dias
Segundo as previsões do SNS, nos próximos dias a situação poderá agravar-se ainda mais, com o fecho de sete urgências de Ginecologia e Obstetrícia na quinta-feira, quatro na sexta-feira, sete no sábado e seis no domingo. Paralelamente, duas urgências de Pediatria deverão encerrar na quinta-feira, quatro na sexta-feira e cinco no domingo.
No entanto, no meio deste cenário alarmante, alguns hospitais, como a Maternidade Alfredo da Costa (MAC) e o Hospital de Cascais, têm conseguido manter os serviços em funcionamento graças ao esforço e à dedicação das suas equipas. A MAC, em particular, tem batido recordes históricos, como na última segunda-feira, quando registou 98 admissões e realizou 25 partos, incluindo cinco cesarianas, o número mais alto em mais de uma década.
A Direção Executiva do SNS, ciente da gravidade da situação, apelou à população para que contacte a Linha SOS Grávida (808 24 24 24) antes de se deslocar a um serviço de urgência de Ginecologia, evitando assim sobrecarregar ainda mais os serviços em funcionamento.
A continuidade da crise exige não só medidas de curto prazo para aliviar a pressão imediata, mas também um reforço estrutural do SNS para prevenir o colapso de um sistema essencial à saúde pública.