A França enfrenta uma grave crise política após a aprovação de uma moção de censura contra o Governo de Michel Barnier na Assembleia Nacional. Apenas nove semanas após sua posse, Barnier é destituído, tornando-se o primeiro-ministro com o mandato mais curto da história da V República
A Votação e o Contexto da Queda
A moção foi aprovada com 331 votos, bem acima dos 288 necessários para derrubar o Governo. A medida contou com o apoio da União Nacional, de extrema-direita, e da coligação de esquerda Nova Frente Popular, que criticaram Barnier por impor o Orçamento da segurança social sem apoio parlamentar.
Barnier havia recorrido ao polémico artigo 49.3 da Constituição, que permite a aprovação de leis sem votação parlamentar, mas sujeita o Governo a uma moção de censura. Essa manobra foi vista como autoritária pelos opositores, que argumentam que Barnier ignorou o diálogo com os parlamentares.
O episódio marca apenas a segunda vez na história da França que um executivo cai devido a uma moção de censura aprovada. A última ocorreu em 1962, com Georges Pompidou.
Impactos e Incertezas
A saída do primeiro-ministro será formalizada nesta quinta-feira às 10h00 no Palácio do Eliseu. Enquanto isso, o Governo demissionário permanece em funções, mas enfrenta limitações severas, como a impossibilidade de levar adiante o Orçamento para 2024.
Especialistas debatem as implicações legais da moção. Alguns argumentam que ela invalida o Orçamento para 2025, enquanto outros defendem que o próximo Governo poderá reapresentar os mesmos documentos com alterações mínimas.
Emmanuel Macron, que chegou ao país após uma viagem à Arábia Saudita, irá se dirigir à nação nesta quinta-feira às 20h00 locais. O presidente não é obrigado a renunciar, mas enfrenta pressão crescente de todos os lados do espectro político.
Reações Políticas
Marine Le Pen, líder da União Nacional, atribuiu a responsabilidade da crise a Emmanuel Macron, embora tenha descartado pedir sua renúncia. Enquanto isso, a esquerda radical, representada por Mathilde Panot, exige eleições presidenciais antecipadas, acusando Macron de má gestão política e económica.
A crise também ressoa internacionalmente, com possíveis impactos económicos, especialmente diante dos desafios mencionados por Barnier, como inflação e déficits sociais.
Próximos Passos
Com a fragmentação do Parlamento e o enfraquecimento político de Macron, a França mergulha em um cenário de incerteza. A formação de um novo Governo será um desafio, e as tensões políticas internas podem levar a mais instabilidade nos próximos meses.
A situação marca um momento histórico e delicado para a política francesa, com a oposição mais fortalecida e o Executivo em sua posição mais vulnerável desde o início do mandato de Macron.
Resta aguardar os desdobramentos e o impacto das decisões políticas nos próximos dias, enquanto os franceses acompanham de perto os movimentos de seus líderes.
