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D. Batráquio, e agora?

O padrinho deu com a língua nos dentes!

Acabrunhado, cabeça entre as mãos, furibundo, abanava a cabeça com este misto de emoções mas sobretudo com uma certeza: no partido a vida terminou. Construída ao longo de quase três décadas, com cedências várias, humilhações constantes, com a certeza que era corrupto para os seus conterrâneos, tinha uma certeza: o padrinho iria ajudá-lo a ser grande a ser conhecido, quiçá a ser governante deste recanto, ir para Bruxelas.

Tudo se esfumou!

As amizades forjadas com os insonsos da Fonte Santa tinham dado asneira. Primeiro, foi a ideia do busto, depois a ida para Lisboa, ser o empreiteiro geral do monhé e do ajudante deste, depois a volta e as exigências constantes e permanentes para dar obras ao silva, amigo do peitaço do filósofo que estava precisado de massas. Ao padrinho nada se nega, afinal se tinha até então construído uma carreira e tinha ambição, a ele se devia. Ia ser-me importante como o do faoj foi para eu ser conhecido do padrinho, e eu paguei-lhe bem: os moinhos, as porcarias de que se lembrou, o livro da mana, os programas de tv que paguei para as negociatas terem sucesso, doutra maneira apenas as moscas as usavam.

Com o padrinho fiz o mesmo.

Não estava à espera que se tivesse desbroncado à judite e depois vir dar o dito por não dito. Claro que deve ter ouvido do monhé e de toda a corja mas é a vida: se nos ajudam temos de ajudar.

Claro que ajudando o monhé, desajuda o filósofo e o padrinho é devedor deste e pouco deve ao outro, até porque nunca se deram bem. O padrinho quis ser algo mais, já no tempo do tony enganador pensou alto, depois achou que o amigo não o ia deixar mal, afinal os insonsos tinham pago a carreira dele e o padrinho era íntimo com eles, mais uma vez ficou apeado. Servia apenas para mestre de obras na parvónia, tinham-lhe dito.

Ao menos o insonso arquitecto, todo o poderoso na capital, através do primo, reconheceu-lhe mérito.

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O padrinho escavacou-se todo, mas teve sucesso.

Agora, como diria o Catroga; por um pentelho entalou-se e nem pensou em mim e o pior é que eu fiquei na real sucata.

Vou a julgamento por uma miséria, cá no burgo riem-se, afinal todos sabem que roubei à grande, contratei um tipo que aparece nas tvs (deve ter influência), fi-lo passar por uma sumidade como criminalista a câmara paga-lhe (é o bom de ser eleito, nestas merdices a autarquia paga tudo), mas pelo sim pelo não ponho o duplex à venda e dedico-me aos queijos e peço ao do faoj para me dar uma ajudinha…..

Do meu grupo está tudo na iminência de ir preso: o padrinho, eu, a vice mais as macacadas desnecessárias que fez, o realejo (esse nada num entra e sai que qualquer pensam que faz lá vida). Pena que não tenha sido feita a nova prisão, assim tínhamos condições de luxo.

Que o Vieira me safe!

D. Batráquio
Foto DR

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Jorge Azinheiro
Jorge Azinheiro
Profissional liberal com conhecimentos profundo (mais de 30 anos de experiência) em marketing e vendas, nas áreas do grande consumo e grande distribuição, TI, APP’s, microelectrónica. Membro do movimento associativo com diversas participações em associações de estudantes, de jovens e recreativas culturais.

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