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Democratas de abril

A próxima sexta-feira diz-me que, passados 51 anos, muito se conquistou, muito mais há para conquistar mas que, talvez, nunca estivessemos estado tão perto de perder muitas dessas conquistas.

Apropriando-me de uma partilha de um Amigo, “cada vez que vejo alguém a denegrir o 25 de abril, lembro-me sempre de um sketch dos Monty Python. Tirando o Serviço Nacional de Saúde, a Educação para todos, a Liberdade, as Pensões de Reforma, a possibilidade de as mulheres poderem ir para o estrangeiro sem ter de pedir autorização aos maridos, a possibilidade de se divorciarem, a quase extinção do analfabetismo.” De facto, “tirando tudo isto e muito, muito mais, porque a lista é demasiado longa, o 25 de abril não nos deu nada de especial.”

A realidade antes de abril de 74 não tem comparação possível com nenhuma realidade pós abril de 74. Há de facto quem, ao longo destes últimos 51 anos se tenha aproveitado das fragilidades da nossa jovem democracia e não tenha sabido estar ao nível da responsabilidade conferida por esta liberdade, mas circunscrever essa culpa ao “25 de abril”, torna-se demasiado redutor e falacioso, até porque, como também pude ler por aí numa frase proferida pelo General Ramalho Eanes, “abril ofereceu-nos a liberdade, mas esqueceu-se de criar cidadãos.”

Esta falha é tanto mais grave quanto maior se torna a confusão entre conceitos. Identifico alguns saudosistas do antigo regime que partilham essa saudade sem nunca ter vivido esses tempos e vejo também por aí muitos democratas que se desdobram em elogios à liberdade criada pelo “25 de abril”, caindo rapidamente em contradição numa defesa provocatória e de baixo nível a uma outra “liberdade” que apenas permita um pensamento único.

São estes exemplos que redobram a minha motivação e que me dizem que há hoje, um papel cada vez mais importante, único e insubstituível na força e na necessidade do exercício de uma cidadania ativa e participativa, porque a política é, cada vez mais, um assunto demasiado sério para ser deixado apenas para os políticos.

E essa também é uma liberdade que nos foi deixada por abril. A liberdade que nos confere a faculdade de cada um de nós poder contribuir para a construção de um futuro diferente.

Há quem afirme que juntos somos mais fortes. Não tenho dúvidas disso. Juntos somos de facto mais fortes. Sem demagogias e com a convicção que é de facto assim. Com todos e para todos. Propondo e sugerindo, mas principalmente, ouvindo. Só assim estaremos juntos e seremos, de facto, mais fortes. Passemos das palavras aos atos. Com todos e para todos. Só assim honraremos a herança de abril. Saberemos estar ao nível desta tremenda responsabilidade?

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Vasco Damas
Vasco Damas
Tem 54 anos e vive na vila de Tramagal (Abrantes). É consultor imobiliário, tendo exercido funções de gestor no ramo da distribuição de materiais de construção e bricolagem, onde liderou equipas e contribuiu para o crescimento das pessoas, levando-as a ultrapassar os limites que julgavam ter. Valoriza o equilíbrio entre o trabalho e a vida familiar (seu porto de abrigo), o convívio com os amigos e a atividade cultural e desportiva, jogando nos veteranos dos Dragões de Alferrarede.

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