Quando já tínhamos um ‘Má Ventura’ e havíamos por certo que de Venturas ficávamos servidos, por saturações, eis que nos chega um ‘Boa Ventura”, tipo maduro, ao que tudo indicava, por mais de dezasseis lustros de maturação, sem nada para aprendizados, que agora estava ali para debitar dos altos, de argumentos com os quais era suposto ninguém desatinar.
Ainda assim, negligenciou, o desventurado senhor, alguns aspectos que não devem nunca ser menoscabados. Desde logo, exigir retribuições pelas alvíssaras concionadas: declarava a estrela, por recompensas, que, estando as doutorandas com ele, com Deus estavam e, por contrapartida, lugar haveria a compensações de natureza alegadamente intrínseca. Havia, pois, uma intimação a que se intimassem, como que por intimidações – percebe-se a tautologia!?… Do que se terá passado, certezas não há, por ora, mas a terreiro vieram algumas das seduzidas e o testemunho confluiu por pontos, comprometendo o da cátedra.
Mais de três décadas se passaram sobre outra divindade, esta nos domínios das arquiteturas. Refugiou-se, o Tomás, em países longínquos, à sorrelfa com o nome, que ocultava, camuflado em línguas duras e difíceis por pronúncias, para que nunca mais o associassem aos excessos que cometera – e não falamos das súcias em que participava com torresmos e vinhaças tintas!
Pois…, que sim! Teses brilhantes, edificações por deslumbramentos, cátedras subidas, tudo se desmorona!
Recuamos ainda cerca de século e meio, para encontrar, por deliberações, o que o Divino terá determinado, em quejandas situações.
Imperioso, Eça, no seu recado por advertências, em “Frei Genebro”. O religioso, que viveu uma vida de benfazejo, andava pelo hemisfério, assistindo aos mais desvalidos. A rogo de um eremitão que ele visitara, foi-se a uma vara de porcos e decepou um presunto a um bacorinho, abandonando-o a esvair-se em sangue. Satisfazia, assim, o último desejo de Egídio, o asceta, que se alentou com o pernil e, confortado, partiu para os braços do Pai.
Quando Genebro, mais tarde, foi chamado a prestar contas ao Altíssimo, houve festa em acúmulo no Paraíso, tendo acudido todas as cúpulas do Empíreo. Disposta a balança do Juízo Final, num dos pratos só o bem pontuava, enquanto o outro, vazio de males, balançava ao firmamento. Senão quando, o bacorinho estropiado tomba no prato limpo e desequilibra em absoluto as medidas, malgrado as desproporções. A façanha anódina de Genebro lançava-o por purificações ao Abismo.
A obsessão colide, por norma, com a lucidez. Em causa, aqui, não o pernil de um bacorinho indefeso, mas tão grande número de desvalidas.
Suciará, como tudo indica, o mal-aventurado sociólogo Boaventura com Tomás e seus pares, pela eternidade, nos caldeirões de Pêro Botelho, anelando, dos fundos, a batuta de Frei Genebro.
De onde se conclui que o importante na vida nem será propriamente praticar muito ‘o Bem’, senão, essencialmente, que não perpetremos ‘o Mal’, mesmo que residualmente.