O ex-director do Museu da Presidência, Diogo Gaspar, foi abotoado com seis anos e seis meses de prisão efectiva, após ter sido acusado da prática de 18 crimes – sete de peculato, quatro de participação económica em negócio, quatro de abuso de poder, dois de falsificação de documentos e um de tráfico de influência.
Ainda assim, escapuliu-se a outros 24, num total de 42, e à pena acessória de proibição de exercício de funções públicas. Refere o texto que ‘traiu a confiança em si depositada por presidentes do coiso comunitário, abotoando-se com coisa alheia: um traidor gatuno, portanto!
Deu-se conta o zelador que ali estavam por sorrisos, as artes, como por súplicas, para que consigo as levasse. Mostravam-se ansiosas por que fossem amanhadas e até com ele suciassem – quiçá? – longe daqueles marasmos rotineiros do museu presidencial, onde nenhum olhar demorado as envolvia por meiguices. Quantos quadros!… Quanta arte!… Que faríamos nós, por cuia situação, em situação quejanda?
Quem esta tentação não houve, que arremesse o primeiro calhau!
Isto dizia Cristo, quando à Sua divina presença os fariseus carrearam uma prostituta, para que julgada fosse por seus actos lascivos, libidinosos e depravados. Acusações feitas, o Senhor foi de escrever na terra do chão as faltas dos presentes; logo dali alguns escribas e devotos à Torá se moscaram, redarguidos da consciência, encabulados, enfiando o garruço, que enterraram até aos queixais. Um houve que, não se sofreando, se agachou e catou do chão um rebo, por ganas, e presto o arremessou à prostituta; por pouco conseguiu a ré adúltera furtar-se ao impacto do calhau!
Nunca falhaste, meu merdas, Atirou-lhe o Mestre. Que não, pelo menos àquela distância, não tinha por jeito falhar!
Pois bem, que o afastamento à arte ainda era mais curto, presume-se que o do museu com ela privava, tocando-a, por carinhos, que também ela – a arte – bulia-lhe fundo, por paixões e ânsias de a possuir, lascivas, libidinosas e depravadas. E, na etapa certa, também ele não falhou, arrebanhando para si o que de direito tinha por seu.
O exemplo deve, pois, tomar-se em Cristo, de modo semelho para o serviçal Gaspar:
– Mulher, onde estão aqueles que te acusavam? Ninguém te condenou?
– Ninguém, Senhor.
E disse-lhe Jesus: também Eu te não condeno: vai, e não tornes a pecar.
Sentença justa e inapelável! É este, verdadeiramente, o espírito cristão.
Vai à tua vidinha, Dioguinho, vai e não tornes a pecar.
Nem a dinastia ficaria bem axandrada sem um Gasparzinho destes, por ilustração!