Somos mais que muitos, sempre opinando, participando, comentando o que por esse mundo vai e está e deixa de ir ou estar.
É o que está a dar. Aparecer, dizer, opinar, atacar, ofender e o diabo a 4.
Katrin Göring-Eckardt (58 anos, membro do partido, Associação 90/ Os Verdes e uma das vice-presidentes do Parlamento alemão, Bundestag), criou mau estar com um artigo postado sobre a seleção alemã no EURO 24
A Alemanha tinha acabado de bater a Hungria por 2-0 e passar à fase dos oitavos-de-final.
Feliz com o acontecimento, a vice-presidente sentiu uma irresistível necessidade de se articular num dos mediáticos canais da internet. Em pleno enaltecimento, saiu-se a senhora com um, „Esta seleção é realmente extraordinária. Imaginem que ela era só composta de jogadores brancos.“ e isto, ainda seguido de três emojis com as cores do arco-íris, símbolo da apregoada tolerância que todavia conduz às opiniões, de mais abertas a conservadoras.
Adivinha-se o que aconteceu. Uma chuva de prontas reações surgiram no terreno a apelidar Katrin Göring-Eckardt de racista e inconveniente.
A República Federal da Alemanha, há muito um país de emigração, tem 84 milhões de habitantes, 10 milhões de estrangeiros, mais 18 milhões de cidadãos oriundos da diáspora germânica e de todos os continentes, sendo muitos destes, alemães, por na
Alemanha terem nascido ou por a ela terem chegado em criança, como adolescentes ou adultos, filhos de duas nacionalidaes ou apenas alemães por opção de naturalidade.
A oeste nada de novo. Um facto irrefutável na Europa Ocidental, nas Américas, Oceânia e um pouco pelo resto do globo.
A vice-presidente do parlamento reagiu imediatamente ao dilúvio de contestação e apagou a prosa da contenda, acrescentando ainda no pedido de desculpas pela infeliz formulação, que estava preocupada com os 21% de alemães que lhe davam razão ao acharem que seria melhor se mais „brancos“ fizessem parte da seleção nacional.
„Estou orgulhosa desta seleção e desejo que consigamos convencer esses 21%“.
A senhora teve azar. Não intencionava, mas acabou tocando na tecla da cor da pele.
A intenção seria talvez criticar uma sondagem televisiva do 1º canal, ARD, aliás um documentário, „Unidade e Justiça e Diversidade“ que se baseia nas primeiras palavras do hino nacional, „Unidade e Justiça e Liberdade“.
Nesta mesma, um em cada cinco dos questionados preferiria mais jogadores brancos no 11 da federação e 17% lamentam que o capitão de equipa possua uma ancestralidade de raízes turcas.
Não esqueçamos que existem mais de 6 milhões de futebolistas federados e que os escolhidos pelo treinador mais jovem deste campeonato, Julian Nagelsmann, de 36 anos, são esses com melhor prestação no terreno, de cidadania alemã, independentemente da aparência física, cor de pele, confissão, opções pessoais diversas ou seja lá o que for.
Nagelsmann não perdeu tempo com o documentário-sondagem e qualificou-o logo de, „uma loucura“.
O próprio selecionado e questionado, Jonathan Tah, comentou: „Nós somos Mueller, mas também Tah e Guendogan. E todos juntos, perseguimos o mesmo objetivo“.
Racismo, agora, mais do que nunca antes, por tudo e por nada se fala dele. Facto é, ele existe, ele pulsa por toda a parte e com grande vitalidade.
Este mundo é nosso e depende de cada um como ele será amanhã. Já Michael Jackson na canção, „Man In The Mirror“ enunciava o que afinal é fulcral: Se queres mudar o mundo, começa agora por ti.