A economia portuguesa registou um forte abrandamento do seu excedente externo no primeiro trimestre de 2025. De acordo com os dados divulgados esta terça-feira pelo Banco de Portugal (BdP), o saldo conjunto das balanças corrente e de capital caiu 67,3% face ao mesmo período do ano anterior, totalizando 829 milhões de euros. Esta quebra reflete uma diminuição acentuada da capacidade líquida de financiamento face ao exterior.
No primeiro trimestre, o excedente representou 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) trimestral, contrastando com os 3,28% registados no último trimestre de 2024 e os 3,82% verificados no período homólogo. Trata-se de uma queda significativa da posição externa líquida do país, evidenciando uma menor poupança líquida da economia face ao exterior.
Entre os principais fatores identificados pelo BdP para esta deterioração, destaca-se o agravamento do défice da balança de bens, que aumentou em 1.546 milhões de euros. Este aumento resultou de um crescimento expressivo das importações (mais 1.674 milhões de euros), largamente superior ao das exportações (mais 128 milhões de euros), revelando um desequilíbrio comercial mais pronunciado.
A balança de rendimento primário também contribuiu negativamente, devido a uma redução significativa nas transferências de fundos da União Europeia a título de subsídios, que diminuíram em 361 milhões de euros. Este recuo reflete uma menor entrada líquida de recursos provenientes do exterior, com impacto direto no saldo externo.
Por outro lado, a balança de serviços apresentou uma evolução positiva, com um aumento do excedente em 299 milhões de euros. Este crescimento foi impulsionado pelo desempenho do turismo e das viagens, cujo saldo cresceu 160 milhões de euros, bem como pelos serviços técnicos, comerciais e outros fornecidos por empresas, que registaram um acréscimo de 151 milhões de euros.
No final de março, a capacidade de financiamento da economia portuguesa traduziu-se num saldo positivo da balança financeira de 1.215 milhões de euros. As instituições financeiras não monetárias, excluindo sociedades de seguros e fundos de pensões, destacaram-se como os principais contribuintes para este saldo, através da redução de passivos em capital e em títulos de dívida detidos por investidores estrangeiros.
O Banco de Portugal refere ainda que o banco central foi o setor que mais reduziu os seus ativos líquidos face ao exterior, sobretudo devido ao aumento dos passivos sob a forma de depósitos, sinalizando alterações na estrutura de financiamento externo.
Em março, isoladamente, o país apresentou um excedente externo de 264 milhões de euros, o que corresponde a uma diminuição homóloga de 681 milhões de euros, acentuando a tendência de enfraquecimento da posição externa da economia portuguesa neste início de ano.