Estamos em plena campanha eleitoral, faltam poucos dias para as eleições legislativas. As sondagens vão dando algumas indicações, mas penso que não existirão grandes surpresas: AD ou PS vencerão e a dúvida será se, com base na instabilidade internacional, avançarão, direta ou indiretamente, para um bloco central; o Chega, através da sua demagogia, pouco alterará a sua votação atual; a Iniciativa Liberal, com os avanços e recuos dos países que apresenta como exemplos (Argentina e a moto serra…), não chegará aos ambicionados dois dígitos; Livre e PCP disputam o quinto lugar, com o Bloco de Esquerda, agora que algumas das suas propostas sociais foram alcançadas, temendo que a chamada de “dinossauros” (curioso, o tal partido fresco e jovem deixou de o ser) não chegue para impedir a diminuição eleitoral; o PAN, ao contrário do que eu previa, não consegue segurar o seu nicho na defesa dos direitos dos animais e vegetarianismo, não tendo capacidade para defender devidamente a premente questão ecológica.
Mas há um partido que merece menção especial, pela coerência e dignidade. Não vou aprofundar ou analisar as propostas políticas do PCP, mas penso ser justo realçar que não navega em “modismos” ideológicos ou eleitoralistas. As suas propostas mantêm-se consistentes, chamem-lhe cassete ou dogmatismo, mas apresenta-se como um porto seguro e confiável, com a luta pelos mais frágeis contra os grandes poderes económicos sempre presente.
Embora consciente da posição politicamente incorreta relativamente à invasão da Ucrânia pela Rússia, nunca deixou de sublinhar as justificações que considera terem existido para o começo da guerra. E não hesita em criticar os prováveis gastos com a defesa impostos pela União Europeia, apelando para que se invista num acordo de paz.
Evita atacar os outros partidos com base em ataques pessoais, limita-se à critica política e ideológica.
Os seus ideais comunistas, que apontam para a construção duma sociedade, no seu entender, mais justa e igualitária, não se altera consoante a tendência da política internacional, não abdica dos seus princípios.
E tem um trunfo inesperado: Paulo Raimundo apresenta-se combativo e divertido, claro e profundo, lúcido e destemido nas propostas, dignificando a política! Nesta sociedade da informação, se as ideias não são devidamente explicitadas e transmitidas, por mais corretas que possam ser, ficam abafados pela demagogia, “espalhafato” e futilidade. Muito perderia a cena política em Portugal (como, diga-se, aconteceu em vários países europeus) se um partido como o PCP não tivesse lugar no Parlamento.