Numa altura em que estão marcadas mais greves na CP, o secretário-geral do PCP esteve no Entroncamento, onde visitou as oficinas da CP – Comboios de Portugal. Além de ter deixado críticas à falta de resposta do Governo face às reivindicações dos trabalhadores, o PCP reclama mais investimento e maior autonomia da CP para aumentar produção e reparação de comboios.
O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, defendeu esta segunda-feira no Entroncamento, no distrito de Santarém, no final de uma visita às oficinas de reparação da CP, que “é possível aumentar a produção nacional, aumentar a reparação de comboios, aumentar este setor estratégico do setor ferroviário”, para o qual existem “capacidades, profissionais e disponibilidade para trabalhar”.
Numa jornada de contacto com os trabalhadores, no âmbito da Ação Nacional do PCP “Mais Força aos Trabalhadores”, Paulo Raimundo explicou que tal “é possível com um investimento que não existe, mas que é preciso continuar a existir”, considerando ser “preciso investimento” e também “autonomia de gestão desta empresa” para dar resposta às questões que se colocam ao setor.
Na perspectiva do secretário-geral dos comunistas “tem-se falado muito no Plano Ferroviário Nacional, mas pouco nos comboios e nos trabalhadores ferroviários, que merecem respeito, merecem mais condições de trabalho e merecem aquilo que faz pagar as contas, que é melhores salários”.
“Não é possível falar no sucesso do Plano Ferroviário Nacional sem deixar de falar, exatamente, daqueles que põem isto tudo a circular, que são os trabalhadores”, afirmou.
No final do encontro com os trabalhadores Paulo Raimundo criticou o facto de o país ter perdido “anos e anos no desmantelamento de uma empresa que tinha todas as condições para responder às necessidades do país” e vincou necessidade de “rapidamente recuperar esse tempo perdido e dotar a CP das todas as condições, incluindo financeiras” para que a empresa cumpra o papel que “só uma empresa pública pode cumprir”.
Convicto de que as oficinas têm condições para “reparar e até construir” composições, o líder do PCP, reafirmou a necessidade de melhorar a situação dos trabalhadores que se queixam “do problema transversal a todo o país: os salários”, ao qual “o Governo tem que responder”, quer por se tratar de reivindicações “justas” quer pelo imperativo de dar resposta “às necessidades dos utentes”.
Passar nos “intervalos da chuva”
Para Paulo Raimundo, o executivo socialista “tem tido uma opção sobre várias questões que é de tentar ver se passa entre os intervalos da chuva e tentar arrastar o máximo os processos”. Porém, quer no caso da CP quer “de outros setores que estão justamente em luta, vai ter que responder”, acrescentou.
Questionado pelos jornalistas, à margem da visita às oficinas, o líder do PCP reafirmou ainda que o novo pacote legislativo sobre a questão da habitação “não ataca o problema fundamental” do aumento das rendas.
Novas greves
Entretanto, a CP recebeu um pré-aviso de greve do sindicato dos maquinistas “para o período compreendido entre os dias 10 e 17 de Março”. Assim, depois das greves que levaram milhares de passageiros a ficar sem transporte, estão já agendadas novas paralisações entre o dia 10 e 17 de março.
Ao todo, serão sete dias de greve, desta vez por parte dos maquinistas que começam já esta sexta-feira.
Segundo avança o jornal Público, a empresa prevê que haja “fortes impactos no dia 10 de março e ligeiras perturbações nos restantes dias” se a greve for mesmo para a frente. Os maquinistas, representados pelo SMAQ, já fizeram greve em Fevereiro, embora com diferentes termos. Este sindicato, tal como outros, está contra a proposta de aumento salarial apresentada pela gestão da empresa para 2023.