Enquanto ocorre a intensificação do conflito entre Israel e o Hezbollah, o embaixador do Líbano em Bruxelas, Fadi Hajali, apelou fortemente à União Europeia (UE) para que implemente sanções contra Israel, em resposta aos recentes ataques aéreos no Líbano, que já resultaram em mais de 550 mortos. Em entrevista à Euronews, Hajali acusou Israel de “agressão flagrante” e solicitou à comunidade internacional que se una contra o que descreveu como uma ofensiva indiscriminada contra civis libaneses
“A magnitude das vítimas é simplesmente atroz e sem precedentes no Líbano. Esperamos que a comunidade internacional aja rapidamente para forçar um cessar-fogo”, declarou o embaixador, referindo-se ao impacto dos ataques aéreos israelitas que mataram pelo menos 558 pessoas, incluindo 50 crianças, apenas nos últimos dois dias.
A Preocupação da Comunidade Internacional com a Escalada do Conflito
A comunidade internacional observa com crescente preocupação o aumento da violência, temendo que o conflito se estenda para além das fronteiras israelitas e libanesas, atingindo toda a região do Médio Oriente. O Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, expressou receio de que o confronto possa evoluir para uma “guerra total”. Em resposta, Hajali reforçou que os ataques israelitas não se limitam ao Hezbollah, mas afetam diretamente a população civil, constituindo uma violação clara do direito internacional humanitário.
“Israel não está a fazer distinção entre alvos militares e civis. Trata-se de uma afronta aos direitos humanos. A UE deve avançar e sancionar Israel pelas suas transgressões”, disse Hajali, apelando à revisão das relações entre a UE e Israel.
A Polémica em Torno do Hezbollah
Israel defende que os ataques são dirigidos ao Hezbollah, a organização paramilitar que controla grande parte do território libanês e que tem lançado ataques contra o norte de Israel. No entanto, o embaixador libanês refuta essa versão, afirmando que a narrativa de que o conflito é exclusivamente contra o Hezbollah é “equivocada”. Para Hajali, trata-se de uma guerra contra todo o Líbano e sua população.
“O Hezbollah é uma força política e militar relevante no Líbano, mas o que está em curso é uma agressão direta contra o nosso país. Esta guerra precisa de terminar agora”, acrescentou.
Consequências Humanitárias e o Apoio da UE
Com o número crescente de mortos e feridos, hospitais no sul do Líbano estão sobrecarregados, com mais de 1.835 pessoas já a receber tratamento. A comunidade internacional, incluindo a UE, tem oferecido apoio humanitário e económico ao país. O embaixador agradeceu as declarações de apoio de Josep Borrell, mas afirmou que são necessárias ações mais concretas para conter a ofensiva israelita.
Enquanto os civis libaneses continuam a abandonar as suas casas, principalmente nas regiões do sul e do vale de Bekaa, as tensões aumentam, com a expectativa de novos ataques e uma possível invasão terrestre de Israel. O Hezbollah, por sua vez, intensificou seus ataques retaliatórios, disparando dezenas de rockets contra bases militares e infraestruturas israelitas.
O Papel dos Estados Unidos e a ONU
A Casa Branca, através da porta-voz Karine Jean-Pierre, manifestou preocupação com a crescente escalada de violência entre Israel e o Hezbollah, pedindo uma resolução diplomática urgente. Paralelamente, o secretário-geral da ONU, António Guterres, demonstrou alarme com o número crescente de vítimas civis e pediu contenção de ambas as partes.
O conflito atual marca uma das piores crises no Líbano desde a guerra com Israel em 2006, e há um temor crescente de que uma solução pacífica esteja cada vez mais distante, à medida que as retaliações continuam a aumentar.