A notícia em torno da suposta tentativa de detenção, no Dubai, da empresária Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, provocou um mito de desinformações entre a justiça angolana e o jornal que a publicou, no caso o jornal português “Negócios”.
Entretanto, a publicação noticiou, esta semana, que três procuradores angolanos, incluindo, o procurador-geral da República, general Hélder Pitta Gróz, foram ao Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, com o mote de tentar prender a antiga presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Isabel dos Santos, orientados, alegadamente, pelo atual líder angolano, João Gonçalves Manuel Lourenço.
Sobre a empresária pesam acusações de corrupção relacionadas com desvios de mil milhões de euros provenientes de fundos públicos, uma delas da petrolífera pública angolana, a Sonangol, o que terá avolumado o seu império empresarial pelo mundo fora.
Álvaro João, porta-voz da Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola, em entrevista à Lusa, negou a informação avançada pelo “Negócios”, mas admite que, há dias, Hélder Pitta Gróz foi aos Emirados Árabes Unidos tratar de questões correntes e de interesse comum, visto que a instituição que dirige é a autoridade central para a cooperação judiciária internacional em matéria penal.
“Há cerca de três semanas esteve nos EAU, Emirados Árabes Unidos, para tratar de questões correntes e de interesse comum, pelo facto de a Procuradoria-Geral da República ser a autoridade central para a cooperação judiciária internacional em matéria penal. Foram vários os assuntos abordados, sem precisamente terem sido abordadas questões estritamente ligadas à suposta extradição de Isabel dos Santos”, revelou o magistrado.
Infelizmente, continuou o jornal “Negócios”, a equipa de procuradores angolanos que se deslocou ao Dubai viu frustrada a intenção de “capturar” a filha do antigo chefe de Estado angolano, falecido em Julho do ano passado, em Espanha, pelo facto de as forças policiais dos Emirados Árabes Unidos terem travado a engenharia dos magistrados angolanos.
Todavia, a justiça angolana tem recorrido por diversas vezes à colaboração das autoridades judiciais portuguesas, e de outros países, na sequência de processos judiciais que correm trâmites em Angola e a nível internacional.
Recorde-se que, apesar de um mandado de captura internacional e de arresto de várias participações sociais em empresas e de contas bancária em Angola, Portugal e noutros países onde o alvo de processos-crimes, Isabel dos Santos tem negado repetidamente qualquer infracção e se considera de perseguida pelo Presidente João Lourenço.