Em 2023, as empresas de media com rendimentos superiores a 10 milhões de euros corresponderam a apenas 4% do total de entidades do setor em Portugal. No entanto, estas representaram uma fatia substancial dos ativos e dos rendimentos do setor, com 86% dos ativos, 84% dos capitais próprios e 89% dos rendimentos totais. Este é um dos dados revelados pela análise económico-financeira da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), que foi divulgada hoje.
O estudo da ERC sobre a realidade económica e financeira dos meios de comunicação em Portugal, relativo ao ano de 2023, revela que o setor manteve-se estável, sem grandes melhorias nas receitas em comparação com o ano anterior. O regulador apontou que a percentagem de empresas com crescimento nos rendimentos permaneceu em 53%, o que indica uma certa estagnação no panorama económico das empresas de media.
De acordo com os dados apurados pela ERC, os ativos totais das empresas de comunicação social atingiram 1.123.063 milhões de euros, enquanto os rendimentos totais da atividade se situaram nos 1.166.911 milhões de euros. Apesar da importância de um pequeno grupo de grandes empresas, o estudo sublinha a fragmentação do setor, dominado por muitas pequenas empresas, especialmente nos segmentos mais tradicionais, como as publicações periódicas e as rádios hertzianas.
O impacto das mudanças no consumo de conteúdos foi particularmente visível entre as pequenas empresas, que enfrentam grandes desafios devido à transição nos hábitos dos consumidores. O consumo de notícias tem-se tornado cada vez mais disperso, com os utilizadores a recorrerem a uma diversidade de plataformas para se informarem. A utilização crescente do vídeo como formato noticioso, sobretudo entre os jovens, também tem vindo a alterar a dinâmica do mercado, com as plataformas de partilha de vídeos a ganhar destaque em relação aos sites tradicionais de editores de conteúdo.
A publicidade, que continua a ser a principal fonte de receitas para o setor, registou um comportamento misto. Embora tenha sido observada uma subida nas receitas publicitárias da televisão, este aumento foi mais acentuado nos canais de televisão por subscrição, em detrimento dos canais gratuitos (free-to-air). Este fenómeno reflete as mudanças no consumo de conteúdos audiovisuais e nas formas de acesso à informação.
O estudo da ERC ainda sublinha que a evolução do mercado de media em Portugal está a ser marcada pela crescente dificuldade das pequenas empresas em acompanhar as grandes mudanças tecnológicas e comportamentais que estão a redefinir o setor. A digitalização dos meios de comunicação, juntamente com o crescimento das plataformas de distribuição de conteúdo, tem criado novos desafios de monetização e de conectividade com o público.
O relatório completo sobre a análise económico-financeira ao setor dos media em Portugal pode ser consultado no site oficial da ERC.