O endividamento da economia portuguesa atingiu os 820,5 mil milhões de euros em fevereiro de 2025, de acordo com os dados divulgados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal. Este valor representa um aumento homólogo de 2,3%, refletindo uma pressão crescente sobre o setor não financeiro, que engloba administrações públicas, empresas e particulares.
A subida mensal foi impulsionada principalmente pelo setor privado, cuja dívida cresceu 1.100 milhões de euros face a janeiro, com destaque para os particulares, que viram o seu endividamento aumentar cerca de 800 milhões de euros, sobretudo devido ao crédito à habitação.
O montante total da dívida do setor privado ascendeu, assim, a 457,4 mil milhões de euros no final de fevereiro. Por outro lado, o setor público, que inclui as administrações e empresas públicas, registou um endividamento de 363,1 mil milhões de euros, mantendo-se praticamente inalterado face ao mês anterior.
Nas empresas privadas, registou-se uma subida de cerca de 300 milhões de euros, motivada por um aumento do endividamento junto do setor financeiro (mais 800 milhões de euros), parcialmente compensado por uma redução nas responsabilidades perante o exterior (menos 500 milhões de euros).
Relativamente ao setor público, o Banco de Portugal destaca que o aumento do endividamento junto do exterior, no valor de 2.500 milhões de euros – essencialmente devido à aquisição de títulos de dívida pública por não residentes – e junto dos particulares (mais 500 milhões de euros, impulsionado pela subscrição de certificados de aforro), acabou por ser anulado por uma descida de cerca de três mil milhões de euros no endividamento entre administrações públicas. Esta variação deveu-se, sobretudo, à diminuição das responsabilidades em depósitos do Tesouro.
No que diz respeito à evolução homóloga, a taxa de variação anual (tva) do endividamento das empresas privadas situou-se em 0,5%, abaixo dos 0,7% registados em janeiro, o que revela algum abrandamento no ritmo de crescimento. Em contraste, os particulares apresentaram uma tva de 4,5%, superando os 4% de janeiro, o que confirma a tendência de aumento contínuo do endividamento das famílias portuguesas, em especial no setor imobiliário.
Este panorama reforça a necessidade de monitorização cuidadosa da sustentabilidade da dívida, sobretudo no setor privado, num contexto económico ainda marcado por incertezas nos mercados financeiros e no custo do crédito.