Enviada especial à Turquia
Istambul 10 maio – a poucos dias das eleições presidenciais e legislativas turcas, os dois principais candidatos estão muito próximos, e os comícios de rua multiplicam- se. Embora Erdogan esteja, em termos de campanha eleitoral, em posição superior, com cartazes e propaganda por todo o lado, o seu rival tem em algumas sondagens superado.
Esta semana Erdogan fez um comício que reuniu em Istambul 1.700.000 pessoas. A televisão, nota-se, mostra muito mais o atual presidente do que o seu opositor, Kemal kilicdarogklu. Erdogan, há 20 anos no poder e apoiado pelo partido Apk, usa como símbolo a mesma bandeira igual à bandeira nacional, como fez Bolsonaro no Brasil. Em Istambul o presidente da Câmara que é apoiante de Kemal, foi também em comício idêntico, insultado num incidente que provocou nove feridos. Istambul é uma das cidades mais populosas da Europa, com mais de 14 milhões de habitantes.
Nestes dias de campanha, a cidade, de trânsito habitualmente caótico, fica um pandemónio. Chega-se a estar mais de três horas no trânsito, parado, com motas dos vendedores de pizzas, de rosas, de água e outros objectos, a passar pelo meio.
Sendo uma cidade de grande beleza, está cheia de turistas que procuram conhecer esta especificidade euroasiática. Aqui tudo convive ao mesmo tempo: o passado, o presente e o futuro. Entre as muitas e belas mesquitas, palacetes sumptuosos, erguem-se modernos e gigantes edifícios em vidro, sem perder o castiço hábito de proteção dos gatos que andam por todo o lado. No interior dos bairros, vive-se pobre e trabalha-se muito.
Muitas pessoas anseiam por mudanças e, quando nos hotéis, restaurantes e vendas de rua, questionamos a situação, dizem que têm agora muita Esperança na mudança. Será, contudo, complexa, dizem, para um país reprimido, com garras do poder por todas as estruturas, com muitos presos políticos, com pouca abertura ou nenhuma às mudanças sociais. Por exemplo, Erdogan tem feito uma campanha contra os gays e lésbicas.
Uma curiosidade é que se encontram muitos homens que gostam do jogador português Ronaldo e do treinador Jorge Jesus. Até encontrámos um lojista que tinha tatuado num braço o nome de Figo e Nani.